A Chave

 

 

Ouvindo um homem o chamado espiritual para a eternidade, maravilhou-se por ter tido uma revelação divina, devido ele ter buscado dentro de si a sabedoria do Eterno. Dessa forma, pois, veio então Deus em espírito até ele e falou:

— Ó homem! Tu buscaste encontrar a chave que abre as portas para toda a sabedoria que há! Em ti estarei a revelar-te todos os mistérios do sagrado, de maneira que por meio de ti, farei obras que só o Divino Espírito Santo pode realizá-las através de toda a huma­nidade.

Por sua vez, cismado com aquela voz que lhe falava do coração, o homem argumentou:

— Mas Senhor! — disse ele inseguro. — Eu não sou digno de ter a revelação das revelações! Eu sou um homem pecaminoso e tenho tido uma vida não muito obediente ao Senhor, vivendo os meus dias mais a me lamentar do que a agradecer. Por que o Senhor quer me presentear com a chave que dá acesso a todos os mistérios do sa­grado?

Disse-lhe Deus em espírito:

— Ó homem! — exclamou. — Tu buscaste conhecer sobre os mistérios divinos — não só por meio dos livros sagrados escritos pelos homens santos ou mediante iniciações magísticas ou religiosas. Porém, tu procuraste encontrá-los onde eles sempre existiram: den­tro de ti. A sua busca espiritual foi uma imersão voltada para dentro. E é de dentro que se faz transparecer o que está fora. De ti saiu à virtude da sabedoria! Pois esta encontra-se selada dentro do homem que ainda não a achou. De sorte que, descobrindo-a, tu agora farás maravilhas que só pela orientação divina pode cada ser humano rea­lizá-las.

 Entretanto, tendo dificuldades de ainda compreender o que Deus estava lhe dizendo, o homem contradisse:

— Ó Senhor! — redarguiu. — Mas o que eu posso fazer de bom ou ruim, possuindo a chave da vida eterna?

— Filho Meu! — insinuou o Eterno. — Tu terás a certeza sobre todas as coisas! Tu terás a chave sagrada que abrirá todas as portas do céu, de maneira que lhe será revelado todos os mistérios sagra­dos; e receberás a inspiração sobre toda obra já feita por Deus, atra­vés da ciência dos seus mensageiros: os anjos que vivem no céu e os que desceram a Terra.

Destarte, o homem não entendia o que Deus queria lhe dizer. E mais uma vez perguntou:

— Mas como assim Senhor? O que o Senhor quer dizer sobre: “eu ter acesso às obras já feitas por Deus, através da ciência dos seus mensageiros”? E as obras feitas pelos homens? Não terei acesso a elas também?

— Tu saberás que tudo o que existe é uma projeção da consciên­cia que se faz refletir nas trevas através da luz! Do cosmo surge à vida, porque é da luz que se faz existir todas as coisas. Todavia, não há homem no mundo que possa ter feito algo sem que antes não tenha recorrido a Deus, mediante a ciência dos seus mensageiros, a bem dizer: os anjos. Porque, é dessa maneira que ouvindo a luz Crística confinada no seu interior, é que o homem aprende com ela a descobrir o que está em oculto, e revelar o que está velado pelo mistério.

Entretanto, continuava o homem a matutar em seus pensamentos o que Deus estava a lhe ensinar. No entanto, ele tinha dificuldades de entender que as coisas que fazem as pessoas são antes intuídas por revelações divinas, ou sugeridas por seres angelicais, cabendo ao ser humano discernir qual corresponde cada uma delas, de acordo com a sua percepção e desenvolvimento espiritual.

E, recorrendo mais uma vez ao Altíssimo, o homem perguntou:

— Ó Senhor! — exclamou confuso. — Eu ainda tenho muitas dúvidas sobre o que o Senhor está a me expor, a respeito dos misté­rios do Divino Espírito Santo e do mundo vindouro. Como eu posso saber no tocante a todos esses segredos, se não me vejo tão superior a poder conhecê-los?

— Ó homem! — replicou-lhe Deus. —Tu não tens que se sentir superior a nada e nem a ninguém para poder beber da fonte da eter­nidade e saber de todos os seus mistérios! — disse-lhe o Creador. — Esta fonte só pode ter acesso a ela, aqueles que a buscando dentro de si, a encontraram, imergidos em suas meditações. Todas as expe­riências que tu viveste até o prezado momento, são vivências fuga­zes, tentativas as quais tu experimentaste a sensação de ter que lidar com desafios e superar obstáculos, para poder voltar a si próprio e descobrir, que as respostas encontram-se todas dentro de ti.

Embora, por sinal, estando um pouco mais esclarecido sobre o que Deus lhe respondeu em espírito, ainda assim, o homem per­guntou:

— Ó Senhor! — disse descrente. — Como eu posso, então, saber onde encontrar esta chave, que é capaz de abrir todas as portas, e revelar todos os mistérios do céu?

— Tu a encontrarás dentro de ti mesmo! — reafirmou o Altís­simo. — A sabedoria que tu já encontraste, te mostrará que a chave para a vida eterna, é o segredo que está em oculto dentro do seu coração. Tu abrirás a porta para o Eterno, e verás que dentro de ti, está manifestada toda a obra da creação divina. E tu serás, então, agraciado com a verdade das verdades: a Luz Crística da consciência eterna.

Doravante, testemunhando que a chave da eternidade está dentro dele, retorquiu o homem a Deus:

— Eu compreendo que muitas coisas me foram reveladas pela sabedoria que de dentro de mim expôs os mistérios que antes esta­vam em oculto. Portanto, agora, consigo entender melhor que a sapiência emana do poder divino que reside no meu coração. E sendo a sabedoria — a divina iluminação do Creador — tenho que no meu âmago buscá-la, para poder abrir a porta da eternidade que reside no meu templo sagrado. Pois, é desse modo que eu encontro dentro de mim o reino de Deus e a sua justiça, que está edificado no meu interior.

Corroborou Deus:

— Sim!

Entretanto disse-lhe:

— Mas a sapiência que de dentro de ti fala, não é a única forma de tu conseguires abrir a porta para a vida eterna. Tu terás que tam­bém aprender a enxergar e a ouvir o que a sua Luz Interior Crística através de ti, mostra-te por sinais, toques e palavras! Porque, é desse modo que, Deus só poder-te-á entregar a chave que abre todas as portas do reino do céu, quando tu aprenderes a reconhecer estes sinais no mundo externo no qual tu vives. Logo, é desta forma que tu estarás apto para saber discernir sobre os mistérios sagrados que estão em oculto no cotidiano do homem, das vigarices profanas que o mesmo longe de Deus fala e faz para confundir aos ingênuos, e, por conseguinte, fortalecer a mentira que os levam a perdição dos seus dias, no lodo infernal da ignorância e do medo.

— Mas Senhor! — contra-argumentou o homem. — Não estou a falar com o Senhor agora? — redarguiu-O. — Por que não me re­velas, então, esta chave divina, para que eu possa abrir a porta que me levará a vida eterna no céu?

— A Chave que te levará a vida eterna no céu, só poder-te-ei concedê-la, quando tu puderes enxergar-Me (não em corpo como esperas eu para ti aparecer); mas em Espírito — como Eu Sou! Por­tanto, ó homem, tu Me verás — não com os olhos da carne, mas com o olho divino! Bem como, tendo tu aberto o teu “terceiro olho”, a ti coroar-te-ei com a Luz que irá te serpentear a aura, que emana da tua cabeça. E serás, então, digno de ser reconhecido entre os homens como um ser iluminado que despertou.  — respondeu-lhe o Eterno.

— Acaso ainda não sou um iluminado? — retorquiu o homem entristecido. — Não posso receber a coroa que me serpenteará a aura, por já estar ouvindo o Senhor falar comigo agora?

— Eu poderei atribuir-te à coroa que lhe serpenteará a aura, quando tu aprenderes a ver-Me com o olho do espírito! — disse-lhe o Altíssimo. — Pois, enquanto ainda tu Me procuras com os olhos da carne, tu só verás as ilusões que a mente te faz enxergar, mediante imagens e fantasias que ela quer que tu creias ser real. Porque, é deste modo que a mentira prevalece sobre a verdade, quando os humanos atribuem aos ídolos à forma que eles creem ser a de Deus.

— E como eu faço para poder ver o Senhor com o olho do espí­rito, se nem sequer sei onde ele está? — replicou o homem.

— Tu saberás, quando tu parares de procurar por respostas que já as possui dentro de ti! Tu deves ouvir a sabedoria que te instrui a ver as coisas como elas são. E não como tu desejas vê-las (segundo a sua maneira e o seu jeito de ser). Tu deves encarar a realidade, a par­tir da realidade! E não das fantasias que cultivas dentro de ti, e que as almeja ver realizadas no mundo fora de si mesmo. — disse-lhe o verdadeiro e único Deus.

Por sua vez, desperto por ter encontrado a sabedoria que eflui do Eterno dentro do seu coração, agradeceu o homem com os seguin­tes dizeres ao Altíssimo:

— Graças e louvor Te dou, ó poderoso e inefável Deus! — exaltou. — Abençoado seja o Senhor por ter tido compaixão de mim, e ter-me revelado tamanha sabedoria, que só o Divino Espírito Santo através do homem desperto pode edificá-lo em espírito e ver­dade reconhecê-la.

— Ó homem! Tu és o Meu filho amado! — disse o Creador em júbilo. — A ti darei tudo o que Me pedires (desde que saibas onde buscar ouvindo o seu coração). Contudo, tu tens que ter fé! Porque, Eu Sou o teu Pai Eterno. Uma vez que, quando tu duvídas de que te quero por bem, tu ficas sobrepujado pela angústia, e se torna refém da sua ira. Portanto, tu tens que procurar compreender as coisas a partir do que te ensino, e do que te digo — e não do seu ponto de vista profano, induzido por este mundo material e temporal no qual tu te encontras. Desse modo, tu serás, então, coroado com o fogo divino da sabedoria e terá entre os humanos, o destaque de poder revelar-lhes enigmas que só um iluminado pelo poder do Divino Espírito Santo, pode aos que ainda se encontram adormecidos na escuridão, ensiná-los.

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Sinopse

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