Durante um dia de trabalho, no alto de um edifício comercial, estava um homem observando em frente da janela do seu escritório — tomando uma xícara de café —, o movimento da rua, os carros passando, as pessoas caminhando. E reparou em um mendigo que pedia esmola no semáforo de um cruzamento muito movimentado, de maneira que consigo pensou ao vê-lo se arriscar em meio ao trânsito:
— Como pode haver pessoas que assim vivem de pedir as coisas para outras pessoas? — questionou-se. — O que leva um homem a se submeter viver, em uma situação de vida tão precária, deprimente e humilhante?
Ao passo que, aconteceu que ele precisou sair do escritório para ir a padaria comprar um maço de cigarros. E durante o percurso, este homem encontrou sentado na calçada, o mesmo desafortunado que o vendo, pediu-lhe uma esmola:
— Por favor, senhor! — disse o mendicante choramingando estendendo a mão. — Pode me dar uns trocados? — suplicou. — Porque já estou há dias sem me alimentar.
À vista disso, o homem meio que constrangido, tirou do bolso uma moeda, e deu-a ao pedinte, que agradecido falou:
— Obrigado doutor! Tenha um bom dia! Deus o abençoe!
Por conseguinte, o homem após uma curta caminhada, entrou na padaria e comprou a carteira de cigarros. Não obstante, ao voltar para o seu escritório, sentando-se à mesa de trabalho e mexendo nos seus papeis, percebeu que ele tinha sido pelo indigente abençoado! Pois, este lhe havia dado em troca da esmola, a gratidão para que ele tivesse um “bom dia”.
E em seu juízo expressou:
— O que ao mendigo doei — matutou consigo em pensamento — este me retribuiu com gratidão e benção, para que eu tivesse um dia agradável! Afinal, dando-lhe a moeda, este me levou o dinheiro. Contudo, ele me retribuiu com um presente ainda maior, que foi ter desejado que Deus me abençoasse.
Isto posto, continuou o homem com o seu trabalho no escritório. No entanto, por causa do horário de almoço, ele teve que por mais uma vez sair para ir almoçar, de modo que caminhando até o restaurante, encontrou na mesma calçada, um casal que passeava de mãos dadas. E vendo-os, não muito longe, mas já bem próximo a eles, percebeu que estavam a ser abordados por outro andarilho, que lhes pedia por um donativo, porém, o casal dizendo não ter para doá-lo, se desculpou e deixou-o pelo caminho.
Por sua vez, diante disso, o homem tornou a consigo pensar:
— Que coisa! — exclamou enquanto continuava a caminhada. — Não poderia um dos pares daquele casal, dar uma esmola para aquele pobre homem? — indagou-se. — Porventura, se um dos dois o desse, o miserável retribuía-os com um presente ainda maior, que seria desejar-lhes, provavelmente, “bom dia”, ou quem sabe, “Deus os abençoe” ou sei lá o que... Porém, cada um pensa de uma maneira diferente. Talvez, aquele casal não tivesse o que compartilhar com aquele desventurado.
Com efeito, voltou o homem novamente para o escritório, depois de ter almoçado. Entretanto, ele continuou pensando a respeito do casal. E lembrando-se de uma passagem do evangelho segundo Mateus, observou: “Ao que tem dar-se-lhe-á e terá em abundância; ao que não tem até o que vier a ter lhe será tirado”.
E concluiu dizendo:
— Que pena sinto daquele casal! — expressou demonstrando certa comiseração. — Porquanto, dizendo não terem, eles, eventualmente, perderão alguma coisa. Todavia, se tivessem dado ao mendigo — uma moeda que fosse — eles poderiam obter maior abundância, do que já decerto possuem! Porque, “só é dado ao que têm”. E, “é dando que se recebe”; visto que, “o que o homem semear, esse colherá”.
Destarte, já ao fim da tarde, chegou a hora desse homem ter que deixar o seu escritório, e voltar para sua casa, haja vista o seu expediente de trabalho ter terminado. E saindo do edifício para rua, eis que, repentinamente, aproximou-se dele outro indigente. Posto que, abordando-o disse-lhe:
— Tu fizeste muito bem em dar aquele pedinte, uma moeda! — elogiou-o o mendicante. — Doutra sorte, sendo tu um homem de coração puro, e não julgando o pobre esmoleiro que por infortúnios está passando, Deus a ti lhe concedeu estar sempre em alegria e bem-aventurança! Uma vez que, por ter lhe doado à moeda, a ti foi creditado; e sendo tu benquisto no céu, é, por este motivo, digno de Deus em ti habitar.
Entrementes, o homem estranhou o que aquele desafortunado estava lhe dizendo. E perguntou-lhe:
— Mas por que tu estás a me dizer estas coisas?
— Eu a ti digo estas verdades — respondeu-lhe o mendigo — porque tu és um ser humano muito sincero. E tendo compaixão com o próximo que te pediu, tenho que honrar-te! Visto que, aquele que é honrado, é, por isso, muito admirado.
Todavia, o homem ficou meio que sem jeito ao ouvir o que o mendicante lhe falou. E contrariou-o:
— Mas eu só dei ao seu companheiro uma esmola... — titubeou. — Isso não me torna tão especial quanto tu me dizes eu ser...
— Tu em tua humildade não reconhece o seu valor! — replicou-lhe o esmoleiro. — Pelo que, sendo humilde de coração, és digno de admiração. O homem que fala dos seus feitos é vaidoso e avesso à verdade. Mas, o que se negas reconhecer em sua modéstia a sua bem-aventurança, esse é aos olhos de Deus digno! Uma vez que, Deus lhe é sabedor do seu coração.
— Bom! — insinuou-lhe o homem despedindo-se. — Se me vês assim, fico feliz que te pareço ser! Não obstante, tu, a meu ver, pareces que possui muita sabedoria. E se não fosse pedinte, poderia a muitos ensinar sobre o valor da humildade.
Por causa disso, o mendigo (que não era de fato um mendicante, mas se revelando ser um anjo), respondeu-lhe:
— Ó homem! — exclamou. — A muitos eu ensino quando esses me procuram! E quando me encontram, descobrem não ao esmoleiro, mas a sabedoria que a esta e muitas outras formas usa, para poder dizer-lhes o que há de ser falado e mostrado. Eu Sou Eterno! E é através de ti que me reconheço em virtude, quando o bem realizas sem olhar a quem. Tenho por vida a verdade! E sendo eu a ambas, é nos puro de coração que hábito, e me manifesto em dignidade e amor.
— Como assim? — retrucou o homem assustado com o que acabara de ouvir do pedinte.
— Não sou por esse que me vês! — disse-lhe o anjo transfigurando-se em forma de luz. — Porém, estou revestido dos que no mundo penam. Tendo em vista que, quando a essas pessoas os de coração piedoso se compadecem, a mim veem quem de fato Eu Sou! Portanto, os homens que dentro de si encontraram a luz, fora de si também iluminaram ao mundo. E iluminados, trouxeram a luz para os que estavam perdidos nas trevas, brilharem. Ou seja, abundaram todos os corações! Além do mais, onde há aqueles que compartilham, sempre haverá mais para doar. Dado que, quanto mais condicionado for o homem em fazer as boas obras, mais será esse por elas edificado e justificado em virtude, beleza e amor.
Em sequência o anjo desapareceu como a um relâmpago. E o homem, assombrado pelo ocorrido, falou:
— Deus do céu! — exclamou boquiaberto.
— Agora, vi diante dos meus olhos, que seres divinos são reais. — disse em
choque com o coração palpitando parado feito uma estátua na calçada. — Estou
sem palavras para descrever o que me aconteceu. — proferiu ao se surpreender
com a revelação do anjo. — Só posso agradecer ao Eterno por ter-me confiado à
sabedoria deste milagre. Amém!
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