Havia um viajante que pelejava entre escolhas ruins, de qualquer forma encontrar uma estrada que o levasse à iluminação. Mas, este viajante por mais que procurasse não conseguia achar este caminho. E, buscando-o no mundo entre atalhos sinuosos e desfiladeiros escarpos, em nenhum desses percurso ele conseguiu encontrar uma estrada que o conduzisse ao seu objetivo final.
Desse modo, triste consigo próprio o homem expressou:
— Como posso a estrada da iluminação encontrá-la, se todos os caminhos que eu já me dispus a andar não me levaram ao céu?
Porém, apareceu-lhe um anjo e disse-lhe:
— Tu ó homem, vejo que por muitos percursos aqui na Terra já andaste. Mas a verdadeira vereda que leva o homem a casa celestial, esta tu a ignoraste.
Logo, admirado com tamanha presença de espírito, o varão interrogou ao anjo palpitando de emoção:
— Mas como que eu ignorei a verdadeira senda, se a tantos atalhos percorri?
— Os atalhos o qual tu percorreste foram os caminhos do mundo! No entanto, esses só as coisas mundanas te levaram a praticá-las, de modo que tudo o que tu aprendeste não te serviu de nada, além do que lhe era condizente com os teus desejos e paixões. Porém, o verdadeiro rumo que lhe digo é a elevação do espírito ao céu, e tu só conseguirás a ti te elevares, quando se dispuseres a percorrer a jornada do autoconhecimento.
Perguntou o homem ao anjo:
— Pois então, por que em minhas aventuras pelo mundo, a este percurso ninguém apontou-me? Haja vista parecer tão fácil percorrer este caminho, como tu me fazes agora eu crê-lo?
— Ninguém o apontou por que nenhuma pessoa que tu encontraste, conseguiu achá-lo. Só poderás o homem encontrá-lo, quando aprenderes adentrar no interior do seu templo sagrado, meditando e ouvindo a sua Luz Interior.
Contudo, meio que desconfiado do anjo, o viajante continuou a questioná-lo:
— Mas como que eu não encontrei uma viva alma por tantos trajetos que andei, que a este rumo não tivesse achado-o antes?
— Só encontra este caminho, quem está mesmo disposto a encontrá-lo! Muitos já tentaram, mas desistiram. De maneira que, achando difícil percorrê-lo, abandonaram-no sem antes conhecê-lo. É no percurso que se faz para dentro de si, que o caminho vai clareando, aonde tu chegarás por fim, a iluminação que tanto busca achá-la.
— Mas por que muitos desistem de se interiorizar, se já sabem por onde começar? — retrucou o viajante.
— Eles sabem por onde começar, mas desistem por acharem ser impossível continuar o percurso. Uma vez que, os homens são avessos aos mistérios do espírito por não terem a disciplina e o esforço necessário para estudarem, de forma que as pessoas só buscam conhecer a estes mistérios, quando lhes são conveniente sabê-los, para que os seus problemas possam de uma maneira mais fácil, digamos assim, resolvê-los. Daí é que decorre deles a verdadeira senda ignorarem! Porque, é olhando para dentro de si, que encontrarão o que na vivência profana, nunca encontraram, por falta de persistência e dedicação com a causa.
Já mais cônscio de por onde começar, o viajante falou o que estava em seu espírito:
— Eu tenho por muitos trajetos andado. — disse um pouco cabisbaixo. — E em todos eles vi os homens perdidos, buscando encontrar uma chama de luz. Ao passo que, esses homens estavam em trevas cada vez mais a mergulharem, por desconhecerem a verdadeira senda de Deus. E, enganados por embusteiros que prometiam-lhes muitas maravilhas e mesmo a salvação de suas almas, isso os tornaram vítimas dos predadores que os acusavam e os extorquiam, mediante o medo e ameaças de uma suposta condenação ao inferno. Por conseguinte vitimados por estes impostores, acabaram muitas pessoas por se sujeitarem a servi-los. E servindo-os, os ardilosos trapaceiros aprisionaram-lhes nos engodos das mentiras e falsas promessas de poder, e assim, conseguiram fechar-lhes o coração.
— Aos homens que em verdade e justiça buscarem dentro de si ao Cristo que lhes falará no silêncio, esses o ouvirão! Não há predador no mundo, que com seus embustes possam calá-lo. Visto que, sendo Ele santo desde o princípio — porque é o divino Espírito Santo através de quem Deus fala —, ao Cristo ninguém pode enganá-lo.
— Pois, então, por que tantos homens estão presos à mentira, e não ouvem o seus corações? Se todos eles buscassem o Cristo do qual me dizes ser por vontade de Deus quem a todos nós fala, onde está Ele que muitos o buscando, não o encontram? Procuram-no, mas não o acham? — replicou o viajante.
— Os homens querem ver as maravilhas que não as procuram primeiro dentro de si mesmos, mas em outros homens ou mesmo no mundo. Eles querem encontrar no próximo, o potencial que dentro de si mesmos duvidam achá-lo. E buscando fora o que deveriam buscar primeiro adentrando no interior dos vossos templos sagrados, encontram ao longo da vida, aos predadores que aprisionam-lhes a mente, e dominam-lhes a alma, fazendo-os desse modo a servirem-nos para mais outros homens continuarem enganando, com suas falsas promessas e seus falsos prodígios.
Não obstante, o viajante, triste, ouvindo ao que o anjo estava lhe explicando, para ele perguntou:
— E como pode, então, esses homens que já estão empeçonhados pelo destilado dos seus predadores, deles poderem conseguir escaparem, se já estão todos embriagados pelo veneno dos seus algozes?
— Esses homens devem a si mesmo observarem-se! — explanou-lhe o anjo. — E observando-se, encontrarão o erro de terem buscado no mundo descobrir, o que em espírito deveriam ter antes procurado.
Por conseguinte, perguntou-lhe o viajante:
— Pode esses homens ter de alguma maneira auxilio de outros homens que conseguiram ao Cristo encontrá-lo, prestar-lhes ajuda ou estão eles sozinhos e perdidos sem solução?
— Sim! — aludiu o anjo. — Ainda que difícil seja, há no mundo os que ao silêncio interno do Cristo acharam-no. E encontrando-o, esses homens foram iluminados em sabedoria e verdade por ele. Todavia, para que tu e os outros os ache, primeiro os que perdidos estão, devem vigiar-se meditando para que ouvindo ao Cristo que em silêncio vos falará, possa orientá-los a encontrarem-nos por semelhante correspondência.
Por conta disso, observando no anjo muita sabedoria com as palavras, o viajante mais lhe perguntou:
— És tu, então, o Cristo que estou a procurá-lo? E não o encontrando no mundo, a mim tu vieste falar-me?
— Não! — respondeu-lhe o anjo. — A ti me revelei por que vi em seu coração, uma profunda vontade de as coisas santas conhecê-las. Mas não serei eu que irei levá-lo a descobrirem-nas. Pois, sendo mensageiro do Creador, só posso te revelar, aquilo que me foi confiado por Ele a te dizer através dos sinais, toques e palavras que tu descobrirás ao longo da tua jornada. Porquanto, para ti estou a revelar-me em carne (como um reflexo da tua alma), não podendo eu lhe dizer, aquilo que o Cristo que fala em silêncio, possa antes me permitir a ti revelares. Pois só posso confiar-te os segredos do Creador, na medida em que tu aprendes com os teus tropeços reconhecê-los, quando se permites ouvir o seu coração.
Intrigado, interrogou-lhe o viajante:
— E o que tu não me podes revelar, sobre os mistérios do espírito, que eu não possa sabê-los?
— Eu não posso te revelar, o que dentro de si, tu ainda não encontraste! Portanto, só posso apontar-lhe a direção de modo a direcionar-te ir de encontro com a tua chama divina, mediante a tua busca pelo conhecimento do fruto sagrado da árvore do bem e do mal.
Por ora, o viajante continuou:
— Sendo o senhor por mensageiro do Creador (e vindo até mim), então por que a outros homens, o senhor não aparece para orientá-los? E não lhes mostraste que o caminho é para dentro deles, e não fora deles.
— Eles não querem ao verdadeiro trajeto encontrá-lo! Porque, estando esses homens a se profanarem no percurso de suas vidas com as abominações que na taça do mundo bebem, as virtudes do Divino Espírito Santo eles se negam a vê-las. Pois por estarem embriagados com o veneno do cálice das abominações, acabam por se esquecerem de se alimentarem do pão da vida, que é a palavra de Deus, que só pode ser revelada mediante intuição, a qual tu a ouves reverberar de dentro do teu intimo.
Destarte, o viajante, então, ao anjo perguntou-lhe com mais afinco:
— E como esses homens podem ter um guia como o senhor, para ajudá-los abrirem o olho do espírito, e voltarem a descobrir o que não está revelado nas paixões mundanas, ou dito de outro modo, edificado no Espírito Santo?
Respondeu-lhe o anjo de forma franca:
— Esses homens que me recorrerem, eu não poderei socorrê-los! Visto que, estão a darem as costas para luz! Pois, por eu ser divino, eu sou também para eles deus. E sendo esses homens profanos, me cultuarão. E cultuando-me, continuarão a servir aos que deles fazem por presa, e com mentiras lhes escurecem o coração. Porque, muitos dos que me servem, acabam por fazer um trabalho não de edificação do homem, no entanto, de colocar-lhes tropeços, para que desse modo eles aprendam a andarem no caminho da luz.
Conquanto, o viajante, pensativo sobre o que o anjo lhe respondeu, para ele insinuou:
— Então, o que pode fazer esses homens que se iluminaram para os que ainda estão em trevas? Eles deverão ajudá-los? Pois, subentendo os iluminados também serem responsáveis pelos seus semelhantes, de maneira que sendo despertos por possuirem a luz do conhecimento do bem e do mal — o fogo divino — esses iniciados poderia levar-lhes esta luz para que os perdidos nas sombras possam também se iluminar.
— Isto tu haverá de saber, quando o Cristo que te fala em silêncio, a ti revelar em segredo! De modo que, só pode um homem desperto a outros homens ajudá-los, quando este com eles souber conversar. E só sabem os homens despertos a outros homens instruírem, quando ao Espírito Santo primeiro aprenderem a ouvi-lo! E ouvindo-o, este que é santo e misericordioso, a devida instrução aos despertos dar-lhes-ão para que possam aos demais homens também instruírem-nos.
Seguidamente, o viajante, sem palavras para ao anjo responder-lhe, por mais lhe perguntou:
— E como pode os despertos fazer muitos homens ouvi-los, se a massa já é presa dos predadores? E sendo espólios de suas conquistas, não permitirão que eles ao Santo Espírito Crístico escutem?
— Ainda que os predadores com suas mentiras, enganos e profanações possam as suas vítimas manipular, encontrará o homem puro de coração, a devida instrução! De sorte que, ouvindo o Cristo que em silêncio lhe fala, Ele poderá o caminho apontar-lhe, afinal, eu como sendo o portador da luz poderei revelá-lo, e a ti ajudá-lo a enxergar.
— Então — interrogou o viajante ao anjo de maneira retórica —, pode o Cristo que em silêncio fala aos que o buscam em meditação, a ti dizer para que mostre o caminho, aos que puro de coração busca encontrá-lo imergidos nos seus silêncios interno?
— Sim! — respondeu-lhe o anjo. — De fato, eu sendo mensageiro, posso aos homens fazer-me perceber, quando o Cristo me envia. Eu devo-lhe prestar serviço! Haja vista Ele ser santo desde o início, pois, é através d´Ele que os homens conseguem se iluminar! Daí eu ser o seu fiel mensageiro e o seu guardião por que sou seu archote de luz.
Entrementes, o viajante, mais consciente do trabalho do anjo, indagou-lhe por mais uma vez:
— Sendo o senhor mensageiro do Creador, tu és d´Ele discípulo?
— Não Lhe sou discípulo! — retrucou o anjo. — Porque eu não sou humano! Entretanto, eu sou o que me fez o Creador (uma extensão de sua consciência; uma emanação do seu ser), assim como tu e tantos outros. Porém, eu habito entre as estrelas, que são consciências em potencial, e estamos aos homens a observar-lhes. O Cristo que a ti fala em silêncio, este é por desde o princípio, quem a todas as coisas sabe. Porque, sendo Ele a máxima emanação do Todo, Ele é quem a tudo vê e conhece. E ao homem que o busca, Ele permite encontrá-Lo dentro de si, meditando e orando.
— Doravante percebo-me mais cônscio de quem eu sou! — aludiu o viajante satisfeito ao anjo. — A luz eu encontrei, quando dentro de mim a busquei. Mesmo andando por desfiladeiros tortuosos em meio às sombras e aos perigos da noite de lua cheia, a minha luz Interior eu sempre me propus encontrá-La. E não a encontrando no mundo, encontrei-a quando em espírito me propus a achá-la dentro de mim. Dentre muitos os que buscaram e desistiram do caminho que leva a iluminação, eu o percorri e o descobri. E hoje, satisfeito por tê-lo encontrado, a muitos quero revelá-lo.
Por essa razão, disse-lhe o anjo já se despedindo do viajante:
— Tu encontraste ao Cristo que a ti
fala em silêncio, e Ele muito te irá revelar. Contudo, tome cuidado! — alertou
o anjo ao viajante. — Porque, o mundo é ardil em sua natureza. O mal te
espreita, e espreitando-o, ele tentará seduzi-lo. Não caia no engodo de aos homens
profanos ouvirem-nos, e temê-los. Pois, sendo tu iluminado em verdade e
justiça, és também por ela feito em semelhança. Ouve ao Cristo que em silêncio
quer ensiná-lo! Pois, Ele a ti revelará coisas que a muitos homens Ele se nega
a dizer-lhes. Porque estando esses homens a profanarem a suas almas, ao Santo
Espírito de Luz eles não podem ouvi-Lo. E ignorando esses homens a sua
sabedoria, se perdem nas armadilhas do mundo que são as suas paixões e desejos
egoístas. Seja cônscio de teus atos, e deixa que o Cristo que te fala em
silêncio, te oriente. Dado que, é n´Ele quem tu sempre deves confiar, e não nos
homens, que usam do verbo para aos outros enganarem. Viva pela e para a luz! E
ela lhe iluminará na virtude da sabedoria de Deus. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário