O Especulador

 

 

Ficou um homem desiludido por ter perdido muito dinheiro em uma especulação financeira, na bolsa de valores, na qual ele tinha apostado tudo o que possuía. E, desamparado por não ter mais nada, pediu a Deus que o iluminasse a mente, para que ele pudesse consertar o que fez, e poder se reerguer da condição difícil em que se encontrava. Por causa disso, em prantos e soluços, ele suplicou ao divino por uma solução, de modo que repentinamente, como a um forte relâmpago, apareceu por diante dele um globo luminoso, e esta esfera que irradiava luz semelhante a um archote, o indagou:

— Ó homem! Por que choras? Tu não tens fé em Deus de que Ele pode te tirar desta situação difícil, na qual tu te encontras “ato­lado até o pescoço”?

Porém, o homem surpreendido, tentava de todo jeito saber de quem aquela voz era proveniente, de maneira que, para ela, todo assustado, perguntou:

— Quem me fala? Onde tu estás para que eu possa te ver?

— Ó homem! — retorquiu-lhe a voz. — Por que procuras onde tu sabes que não encontrarás? Se de dentro de ti eu falo e posso te escutar, por que insistes em me procurar ouvir fora de ti que não te falo, e tu não podes me escutar?

Todavia, o homem, então, recompôs-se do choro em que estava, e da dor em que passava. E limpando o rosto com as mãos escorrido por muitas lágrimas, retrucou a voz quem com ele falava:

— Como eu posso ouvir-te se não te vejo? Isso é um absurdo! — queixou-se. — Devo estar ficando louco. — resmungou.

— Tu não precisa ver para crer! — respondeu-lhe a voz. — Tu deves saber que quem te fala — não é alguém que tu esperas por encontrar fora de ti. Não obstante, é quem a ti sempre foi íntimo! De certo, sendo tu uma parte da essência do divino, tu és uma parte do Eterno. Portanto, é dessa forma que estou a te responder, como ao verbo que do seu íntimo reverbera em sinal ao seu suplício.

No entanto, o homem não conseguia entender o que transcorria, razão pela qual estava ainda muito angustiado pelo o que havia acontecido com ele. Por conseguinte, em prantos voltou a cair, e esbravejou:

— Bobagem! — exclamou. — Isso é coisa da minha imaginação! — falava dando tapas na cabeça. — Estou mesmo a ficar louco! — se retorcia como a um maluco ao se jogar no chão. — E ouvindo coisas que não são reais. — finalizou em desespero e raiva mor­dendo os seus próprios braços.

Em seguimento a tudo o que ele falou, a voz que de dentro dele se expressava, argumentou procurando acalmá-lo:

— Não se desespere! — disse o globo luminoso e radiante. — Porque, tu clamaste por socorro. Desse modo, tu não deves duvidar de quem a ti fala em oculto! Além disso, foste tu quem buscou por ajuda, e me encontrando, estou contigo aqui, agora, a conversar para que juntos cheguemos a uma solução no tocante ao teu problema com as finanças.

— E o que me aconselhas fazer? — perguntou o homem lasti­mando-se da sua perda a esfera de luz. — Neste momento tão difícil em que me encontro? Nada mais tenho! — suspirou cabisbaixo. — A não ser a dor e a vergonha da derrota.

— Não se desespere pelo teu fracasso! — replicou a sua Luz In­terior novamente, buscando reconfortá-lo do constrangimento que o assolava a alma. — O mais importante foi o seu ato de coragem! — afirmou. — E a sua ousadia, será recompensada com o êxito no devido momento. Contudo, isso não justifica que tu deves continuar a arriscar o teu patrimônio em especulações financeiras, ou mesmo, em jogatinas. Por certo, o teu ganho virá do teu empenho em traba­lhar com determinação e coragem a sua vocação.

Ainda assim, o homem permanecia impaciente. Ele queria em seu egoísmo ter conseguido se sair bem nas suas especulações na bolsa de valores, todavia, por não ter conseguido, encontrava-se desespe­rado — pois não enxergava mais soluções para os seus problemas financeiros que se acumulavam. Estava duro, sem dinheiro para nada e aflito com o futuro, porque temia a vida lhe imputar mais sofri­mento e dor. Entretanto, o seu sagrado anjo guardião acompanhava-o ao longo da sua jornada de desilusões, e funestas más escolhas.

Em sequência, para ele mais falou:

— Tu deves ó homem cultivar no teu coração, a fé em si mesmo, que brota como a um olho d´água em meio ao deserto, quando, em desespero, estás a morrer de sede, mas, por outro lado, suplicas pela    ânsia de viver. Por que através de ti é que vem à força ígnea da von­tade! E por meio de ti se faz valer o que em tua fé, tu confias ser capaz de realizar. Por isso, tu não deves duvidar que o melhor esteja a te aguardar! Visto que, sendo tu uma expressão do divino que se faz conhecedor de si próprio mediante as tuas ações, isso te faz uma fonte de luz e sabedoria que eclode em forma de consciência, quando, no teu silêncio, ouves o Cristo que te guia à salvação.

Não obstante, o homem não se permitia dar a volta por cima. Ele pensava, a todo o momento, diante da sua insegurança, em tirar até a própria vida! Além do mais, o peso da derrota e a autohumilhação, contribuíam em fazê-lo continuar a se sentir um perdedor. De tal modo que, em lamúrias, por se sentir desonrado, a sua Luz Interior disse:

— Não aguento mais! Não tenho mais porque lhe dar ouvidos! Pois, sendo tu a mim desconhecido, eu sou a ti inexistente! E somos nós nulos. — proferiu o pobre-diabo aflito se contorcendo no chão.

Contudo, a luz que de dentro dele brilhava, buscando consolá-lo através de argumentos motivadores, expressou-se abordando de maneira elucidativa ao infortúnio pelo qual passava o homem, na sua melancolia:

— Tu não podes se deixar abater por algo que já passou. O que tu perdeste, mais tu ganharás por meio do teu trabalho e disciplina financeira! Dito de outro modo, o que tu arriscaste especulando, muito mais lhe será concedido à medida em que tu se dispuseres a se esforçar na tua ocupação. Mas tendes de ter fé! Porque, a fé sem obras é morta! — como declarou o apóstolo do Cristo, Tiago. — Além do que — meu caro rapaz —, é através da fé que se faz surgir à confiança e a vontade de poder agir. Ou seja, sem ela não há razão do porquê continuar existindo! De fato, o homem que a sua luz interior deixou apagar-se na escuridão mais tenebrosa da noite, não mais a verá refulgir como ao sol, e, por assim dizer, fará habitação na mansão dos mortos como testemunho da sua desolação. Portanto, recomponha-te, arma-te de valor e porta-te como homem!

Conquanto, a partir daí, refletiu o homem sobre o que ouviu si­lenciosamente do verbo divino que reverberava de dentro do seu peito. E, inspirando fundo, encheu aos seus pulmões de ar, de modo que a si mesmo em um gesto de coragem e súbita motivação, falou depois de expirar:

— Não posso deixar-me vencer por esta depressão! — afirmou com convicção ao limpar de novo o seu rosto das lágrimas de sua vergonha.

Seguidamente, levantando-se do chão, continuou:

 — Eu tenho que ser forte e encarar os meus desafios de cabeça erguida! — disse resolutamente determinado por saber, agora, que o Senhor é a sua fortaleza, glória e salvação. — E ouvir a voz que de dentro de mim fala em silêncio. Pelo fato de sendo ela quem em espírito e verdade está me revelando estes mistérios sagrados, sabe, portanto, a luz divina do Espírito Santo mais do que eu, o que devo fazer e como fazer para poder dar a volta por cima, e, a partir de tudo isso, sair merecedor das minhas vitórias.

Diante disso, então, a voz que de dentro do homem exprimia-se, percebendo a mudança súbita de pensamento dele e maior encora­jamento, disse-lhe:

— Tu estás a perceber o que te falei? — replicou de maneira re­tórica. — Tu deves ter fé no seu potencial de realização, o qual foste dotado ao encarnares aqui na Terra! Visto que, sendo tu uma fonte de luz que emana do Eterno, és tu apto a poder se superar das difi­culdades que pelo caminho aparecerem. Ademais, por seres ó ho­mem dotado de razão, em sua persistência e esforço haverás de contorná-los. Por vezes, são estes desafios que a ti fazem crescer em sabedoria e verdade, e te transformam ao longo do tempo em uma pessoa melhor e mais preparada para os obstáculos que a vida te impõe. Além de tudo, te farão conseguir vir a ter maior experiência no decorrer da tua jornada, do que tu podes imaginar para o teu futuro, por conta do aperfeiçoamento moral do teu caráter.

— Estou pronto! — afirmou o homem decidido a mudar. — Eu tenho fé e certeza de que sou maior do que estes problemas que estão me ocorrendo, e sei que deles posso tirar maior experiência ouvindo ao Cristo que me fala do coração. Se não consegui ter su­cesso no passado — pelo fato de ter tomado decisões erradas —, posso conseguir vir a ter no futuro com a devida orientação e instru­ção que tu me podes passar! Ou seja, nada é impossível para aquele que crê e que está disposto a seguir em frente, de modo a superar todos os obstáculos que possa em seu caminho surgir, com trabalho, dedicação e força de vontade.

— Agora percebes que não deves temer a derrota? — interpelou novamente de forma retórica o seu sagrado anjo guardião. — Mas que deves aprender com ela? — sugeriu aconselhando-o a reagir diante do mau êxito empreendido. — Uma vez que, o revés é o seu maior professor no assunto o qual tu está a tentar superá-lo. E nin­guém a não ser ele, pode te servir de instrutor no caminho que te levará ao sucesso, e a realização da tua obra.

Destarte, posto isto, começou este homem a compreender o que estava a acontecer com ele. Ele tinha aprendido a ser uma pessoa mais confiante, e ponderada em suas ações, com as instruções que aprendera com o anjo, e com o revés negativo que obtivera fazendo especulações. A dor pela qual ele achava-se torturado estava se dissi­pando, e uma nova energia de fé e confiança revigorava e preenchia o seu coração.

Posteriormente ao mau agouro financeiro, veio esse homem a conseguir se recompor do baque que ele havia passado, isto é, bus­cando auxílio em sua consciência divina, esta passou a instruí-lo a fazer novas formas de investimentos com o dinheiro ganho com o seu trabalho, de maneira que ao longo do tempo, pouco a pouco foram estas aplicações lhe trazendo maior retorno e segurança em suas finanças.

Consequentemente, a bem dizer, este homem prosperou! Conse­guiu ser mais consistente em seus ganhos e realizações. Superou os obstáculos com maestria e com lucidez, e colocou em prática as teorias que foi aprendendo a elaborar com as experiências que havia passado com a derrota que obtivera. E próspero, agradeceu a Deus por ter lhe revelado em sua consciência espiritual, a motivação para o sucesso: ESTAR SEMPRE GRATO! Pois, ele descobriu que a recompensa (não está em abrir mão do que ele possuía, para tentar ganhar arriscando com bobagens o que ele não tinha). Mas, pelo contrário, na sua busca interna por respostas que podem ser ouvidas em silêncio e meditação, de tal modo a poder, desse jeito, aplicá-las de maneira correta na realização do objetivo proposto, com eficácia e exatidão.

Por fim, recomposto do seu fiasco na bolsa de valores, agradeceu este varão ao todo poderoso e Altíssimo Deus:

— Louvores e glórias a ti te presto, ó Pai Eterno, que em Sua in­finita bondade e misericórdia se dispôs em me ouvir e conseguinte­mente enviar este teu sagrado anjo, que me ensinou a superar a mi­nha derrota e, sobretudo, a como ganhar e investir melhor o meu dinheiro. De tal sorte que, sendo ele o meu Sol Interior, pude, atra­vés dele, compreender, que buscando ao Senhor em auxílio em mi­nhas meditações, poderei, por conseguinte, conseguir por intermédio deste teu emissário, aprender sobre tudo o que eu me dispuser a conhecer. Portanto, é dessa forma que conseguirei ficar sabedor dos melhores empreendimentos nos quais eu me propuser a engajar. Posto que, ele me orientará a como proceder nas minhas ações, e me protegerá de ter eventuais perdas catastróficas como as que eu ob­tive com especulações financeiras. Amém!