De certo, quando feito adulto, o rapaz aos seus 22 anos de idade partiu do seu povoado em peregrinação pelo mundo, todavia, antes de começar a sua iniciação, quer dizer, buscar seguir o propósito do seu destino, já se fazia conhecido entre os seus pares, posto que, todos na sua comunidade já sabiam que ele desde tenra idade tinha uma vocação espiritual que lhe provinha do espírito, e pela qual, aos mais próximos, comunicava-lhes através do amor.
Conquanto, antes da sua partida, o rapaz se despediu primeiro dos seus amigos e familiares. Não obstante, depois de se despedir deles, à primeira vista, o peregrino fez um belo discurso demonstrando grande entusiasmo ao dar inicio a sua aventura:
— Adeus meus amigos! — disse ao caminhar pelas ruas do vilarejo. — Já me vou! — acenava com a mão direita em um gesto de despedida. — Doravante recebi a mensagem de que devo partir. — se expressava contente. — Além do mais, a voz quem me a enviou já me revelou que tenho pela frente, uma grande jornada a cumprir.
Por conseguinte, após iniciar o seu percurso, depois de passar um bom tempo de caminhada pela estrada, próximo a uma encruzilhada, ele viu vir ao longe um homem montado a cavalo, que trajava uma grande capa escura e que galopava de tal forma que parecia ser um relâmpago, de tão rápido que cavalgava, de modo que ao se aproximar do andarilho, foi devargarinho com o seu cavalo negro parando ao seu lado, e perguntou-lhe o forasteiro onde ficava o povoado mais perto que havia naquela região:
— Olá peregrino! — cumprimentou-o o estrangeiro. — Vejo que estás a vir de muito longe. — observou ao rapaz que trazia consigo as costas uma muda de roupa enrolada em um pano vermelho, e amarrada em um bastão que ele apoiava sobre o ombro esquerdo. — Por acaso, tu saberias-me dizer onde fica o vilarejo mais próximo destas bandas, para que eu possa me hospedar? Visto que venho de uma fortaleza que fica muito distante, e há dias que já estou sem poder dormir em um local limpo e aconchegante, por estar sempre galgando pelas estradas em busca de um lugar para me instalar.
Seguidamente, o rapaz, então, por ter sido morador do povoado mais adjacente, apontou ao cavaleiro onde o vilarejo mais perto ficará, pois a vila não estava muito distante do percurso que ele já vinha trilhando, e do qual o homem montado a cavalo já estava percorrendo:
— Veja só! — disse o peregrino. — Está vendo ao longe aquela fumaça sair de uma chaminé de uma casinha bem humilde entre as montanhas? — exprimiu apontando com o dedo indicador direito. — Bom, lá por perto há um lugarejo grande, no qual o senhor pode encontrar uma pousada para estagiar.
Em seguimento a indicação do viajante aconteceu, pois, que antes de o rapaz se despedir deste cavaleiro que possuía uma aparência esquálida, como também, as roupas esfarrapadas, o mesmo lhe perguntou:
— E tu? Para aonde vais? Tens algum objetivo a seguir? Há algum lugar em que queira chegar?
Diante disso, o andarilho, então, lhe falou que estava indo para um lugar aonde somente ele poderia estar. Um local onde ele haveria de levar as pessoas o seu conhecimento espiritual, e pelo qual, ele era desde pequeno revestido em espírito, se bem que, desde sempre, ele já o tinha guardado em seu coração:
— Estou indo senhor — argumentou o caminheiro — para uma cidade onde irei compartilhar com as pessoas, a sabedoria que me foi revelada em espírito, e que me instruiu partir de onde eu morava, para levar a todos que quiserem me ouvir, está mensagem que me foi dirigida desde criança compartilhá-la.
Em vista disso, o cavaleiro que era o anjo da morte (mas que não se fazia percebido pelo viandante), meio que sem entender o que o rapaz lhe havia falado, perguntou-lhe de forma inquisitiva:
— Mas onde fica esta cidade? Tu estás a ir para aonde de fato?
— Eu vou para onde o meu Pai me enviar! — respondeu o peregrino ao arconte que ele acabará de conhecer. — Serei d´Ele a sua boca; e expressarei com toda a minha boa vontade a sua palavra.
Entretanto, o cavaleiro ainda sem entender o que o rapaz havia lhe comunicado, perguntou-lhe mais uma vez:
— Mas para onde é que tu de fato vais? — interpelou-o com certa rigidez. — Qual o seu caminho a seguir? Tu irás a alguma cidade da qual eu não a conheço? Ou tu não sabes por onde estas a andar? Aparentemente tu me parece ser um viajante, não obstante, dá para ver que não sabes, por certo, para onde estás a ir.
— Senhor! — exclamou o jovem. — Eu tenho que seguir por onde me manda o Divino Espírito Santo de Deus. — respondeu o andarilho percebendo o arcanjo não compreendê-lo. — Eu tenho que deixar-me guiar por aquele que a mim faz da sua vontade, o instrumento da sua obra. Certamente Eu sou filho do Pai Eterno; e o Pai através do seu Santo Espírito, ou seja, a sagrada Sophia, me orienta para onde devo seguir.
Todavia o cavaleiro desconfiado daquele rapaz percebia que ele tinha em sua face certo ar de mistério, e mesmo um tanto que místico, como também, de pouca locução, pois se vestia de forma muito modesta, com uma camisa colorida de retalhos, e uma calça rude de pantalonas; calçava sapatos desgastados de couro e possuía uma touca que parecia a de um camponês, ainda que este tivesse de quando em vez, a esfinge de um iniciado.
Seguidamente, disse-lhe o cavaleiro:
— Mas tu não parece saber para onde vai! — afirmou novamente. — E este teu pai, quem de fato é? E o que ele quer de ti? Oras meu caro jovem, tu com esta tua vara de pau com uma trouxa amarrada não parece ter um destino a cumprir, mas, por outro lado, demonstra ser alguém sem um propósito a seguir na vida.
— Senhor! — exclamou de novo o rapaz. — Estou em uma jornada espiritual. — comentou o peregrino meio que sem jeito, por já estar cansado de ficar tentando explicar ao estrangeiro, para onde ele estava caminhando. — Eu tenho por missão seguir na rota que o meu Pai me orientou a seguir. Devo com todas as forças da minha alma cegamente n´Ele confiar! — disse confiante. — Pois, sei que é Ele quem me orienta os passos, e não me deixa tropeçar. Ademais, eu sou filho do Eterno! E por ser seu filho, portanto, eu sou um só com Ele e Ele é um só comigo! Sendo, pois, nós um só corpo e um só espírito, nesta aventura que estou a peregrinar.
— Tu me parece estar andando por trajetos traiçoeiros! — censurou-o o cavaleiro que tinha os olhos vermelhos como sangue. — Pois, confias em quem te orienta sem ao menos saber quem de fato te guia. Dizes ser inspirado pelo seu pai, mas este parece ser alguém inexistente, alguém desconhecido, ou mesmo fruto da tua imaginação.
No entanto o rapaz não mais se deixou levar por aquela conversa pouco proveitosa ao seu intento, e se despediu do estrangeiro que encontrará, prosseguindo em sua viagem em direção à morada dos astros:
— Adeus meu senhor! — acenou com a mão em um gesto de despedida ao cavaleiro. — Tenho que continuar com o meu percurso. — proferiu com um leve sorriso. — Dado que, só saberei onde e quando chegar, percorrendo a jornada espiritual que tenho que cumpri-la.
— Pois que se vá para longe! — disse o cavaleiro com desdém. — Tu a de ver no horizonte a muitos caminhos traiçoeiros. — alertou-o. — Visto que onde a um trajeto, a um atalho, e quase todos levam de fato ao abismo. — se despediu a morte indo em direção ao vilarejo do rapaz, galopando feito a um raio, de tão rápido que andava com o seu corcel negro de cidade em cidade procurando por novas vidas ceifar.
Destarte após se despedir do forasteiro, o jovem passou um longo tempo de caminhada na estrada, até que veio ao seu encontro uma mulher vestida de preto, que usava um chapéu pontudo parecendo a um cone, de modo que como a um fantasma, ela aparecera na estrada ao peregrino durante a sua aproximação à ponte que cruzava a um rio, e que ligava a outro povoado que havia nas proximidades de um exuberante bosque. A mulher que morava em uma casinha as margens do curso d´água era baixinha e muito curiosa, e, abelhuda como era, observava o rapaz que vinha em sua direção, de tal maneira que afoitamente comentou, ao se atirar em frente do jovem que despreocupadamente andava assobiando e cantando:
— Tu parece ser novo por estas bandas! — disse ela olhando para ele e sorrindo ao se aproximar. — Eu nunca o vi por aqui! — afirmou demonstrando surpresa.
— Eu sou um viajante! — replicou o caminheiro descansando um pouco depois de tanto caminhar, ao se apoiar no bastão o qual carregava consigo a trouxa de roupas. — Estou a peregrinar em direção aonde o meu Pai me orientou a seguir.
— E para onde tu andas a ir? Posso eu saber aonde teu pai queres que tu chegues?
— Eu estou há vários dias a viajar por este caminho — respondeu o peregrino — pois sei que nele o meu Pai me faz companhia. Ademais, é Ele quem me orienta a conseguir chegar até o meu destino, por ser o meu mentor espiritual.
Não obstante, a mulher, percebeu o rapaz estar sozinho sem a companhia de ninguém, e afirmou:
— Mas tu me parece estar só! — observou com certo ar de desconfiança. — Não vejo ninguém contigo. — media-o dos pés a cabeça. — Só o vejo sozinho nesta tua jornada. — desdenhou a bruxa do caminheiro. — Onde está o teu pai? E para onde tu estás de fato a se dirigir? — indagou-o curiosa notando ser o jovem muito inocente.
— Senhora! — exclamou o rapaz. — Tenho por guia (que me é desde o princípio) o Santo Espírito de Deus. — retrucou o peregrino notando a mulher não compreender, que ele estava sendo orientado pela luz da sagrada Sophia. — Afinal, ele me guia em bons caminhos; e eu sigo por onde quer que Ele me inspire a chegar.
— Rapaz! — replicou a mulher se retorcendo. — Tu me parece ser louco! — disse a bruxa estarrecida. — Nunca vi alguém que se diz ser orientado por quem não o vejo. — insinuou com desprezo. — E sim, me dou conta, de ser tu um andarilho vagabundeando e que não sabes para aonde vais. — afirmou de braços cruzados e com o rosto virado.
Por esse motivo o jovem ficou desolado com o que a bruxa lhe falou, e sem perder a paciência e o seu precioso tempo com ela, se despediu com um aceno de cabeça e breve cumprimento com a mão:
— Até mais ver minha senhora! — aludiu com a trouxa de roupas apoiada no ombro pelo pau. — Tenho que partir! — insinuou sorrindo. — Por cuja causa, não posso mais aqui me demorar. — finalizou o diálogo ao atravessar a ponte.
Em sequência a velha se sentido desprezada pelo andarilho, falou:
— Pois que tu se vás embora seu maluco! — disse com as mãos na cintura mostrando-lhe a língua. — Tu hás de encontrar o que procura, mas não o que pensa ser real. — disse a mulher com um leve sorriso de malícia entre os lábios, pois a mesma era uma feiticeira que vivia isolada entre a ponte que cruzava o rio e o bosque, local por onde passava muitos viajantes que buscavam assim como o rapaz, chegar à cidade celestial.
Em seguimento, aconteceu, porém, que um pouco mais adiante (próximo a uma colina que adentrava a floresta), ficou o rapaz diante de um lobo negro que saltou, de repente, de dentro da mata a sua frente. E este lobo mostrando-lhe os dentes, o tinha por inimigo! De tal forma que o ameaçando, fitou-lhe os seus olhos nos olhos do viajante e já em posição de ataque, lhe intimidou a não agir, ou seja, continuar o seu percurso.
Diante disso, em sequência, surgiu, então, um anjo luminoso como ao sol que parecia ser semelhante a um belo homem. E disse-lhe:
— Não tenha medo rapaz! — falou o espectro fluorescente com ternura. — Este lobo que te ameaça nada te fará. — expressou com seriedade. — Tu tens por guia, não aos homens! — elucidou-o. — Mas, por outro lado, aquele que te creou e os seus mensageiros! — advertiu-o. — Portanto, tu és abençoado por Ele! — asseverou. — Pois, a Ele tu sempre confiaste os teus caminhos e a tua jornada. — elogiou-o o emissário. — Além do mais, este lobo que te apareceu e que te ameaças — apontou-lhe o dedo o anjo — é o teu inimigo que vive encoberto nas trevas. — aludiu demonstrando ao jovem a sua sombra. — Com efeito, pois, é ele quem desde a tua queda lhe faz companhia como a um fantasma! — revelou o mistério. — Doutra sorte, ele é aquele que dentro de ti sempre rosnou, para que tu nunca confiasses na orientação do teu Pai Eterno, que sempre lhe motivou a continuar seguindo em frente pela seara da abundância e da alegria, de maneira a cumprir com o seu propósito existencial durante a sua estadia na Terra. — finalizou o anjo a sua explanação.
— Mas como tu sabes todas estas coisas? — questionou o rapaz desconfiado e surpreendido com as palavras do anjo. — Eu encontrei a um cavaleiro que nada entendeu o que eu lhe expliquei sobre seguir o caminho do Pai. Como também encontrei a uma mulher baixinha e estranha que nada entendeu do que lhe expliquei sobre seguir o caminho da luz, isto é, do Divino Espírito Santo. Oras como pode tu que nada me perguntaste aparecer por diante de mim nesta situação difícil em que estou, e me dizer todas estas coisas sem que eu ao menos te conheça? Confuso isso tudo que estou passando...
— Tu já me conheces desde antes de vir a este mundo! — respondeu o guardião. — Tu sempre me foste fiel em espírito e em verdade! E tudo o que te orientei a fazer, tu fizestes — não para minha glória — mas por em mim credes que lhe sou por guia e mentor espiritual. A ti lhe darei acesso ao reino que estás a buscar, o reino que tu encontraste depois de percorrer toda esta tua longa jornada, mas que te custou, antes de chegar até aqui, vencer aos seus inimigos que lhe são, por vezes, aqueles que a ti não compreendiam, e que o viam e pensavam ser um louco. Além do mais, tu me encontraste aonde todos se negaram a creditar onde Eu de fato sempre estive — dentro de ti — e a mim vieste com alegria e satisfação.
E continuou o anjo elucidando ao rapaz o percurso da sua jornada...
— Tudo o que em seu âmago tu desejavas conhecer do que havia no mundo, primeiro, pois, tu empreendeste dentro de ti mesmo desbravar! Eu Sou o mensageiro do seu Pai Eterno, e tu sendo o seu vaso sagrado, aqui estamos nós em corpo e espírito a nos encontrar. Portanto, é dessa forma que sendo nós agora um só ente espiritual, estamos juntos a trilhar por este caminho que tu andas a percorrê-lo, desde que caíste do céu para andares sobre a Terra, e seguir com a sua missão. Por certo, fiz de ti homem — não para ser varão em corpo — mas para ser fiel a Deus em espírito! Ademais, meu caro jovem, agora que tu já me encontraste durante a tua caminhada, dou-lhe passagem para tu adentrares ao reino, a eterna morada celestial que um dia tu já habitaste, mas que decidiu por sair para conhecer ao mundo do qual lhe fiz por merecer. Venha! — gesticulou o anjo com o braço direito, convidando o peregrino a segui-lo. — Vamos juntos para casa voltar! — avisou-o. — Pois, tu nada mais tens a fazer neste lugar. — advertiu-o. — Ao contrário, tu só tens a deixar aos que a tu conhecerás, o exemplo de confiares ao Pai os teus caminhos, por saberes sempre que Ele esteve contigo, e que sempre lhe fez companhia. Agora andamos! — apressou-o o guardião. — Pois o reino do eterno nos espera! E lá seremos um só com Deus, ao nos unirmos com Ele em uma só verdade e em uma só vida como as estrelas do céu.
Por fim, o peregrino descobriu que a verdadeira jornada é a que leva o homem em direção à iluminação espiritual. Visto que, é no decorrer do caminho que está os desafios a serem superados; e é no percurso da enseada, que se encontram as divinas revelações que dão ao homem o entendimento de ser ele o filho amado de Deus, o credor por merecimento da graça do eterno.
Logo, é desta forma que o espírito vivencia durante várias vidas, provações e dificuldades que o fazem a todos os momentos, buscar dentro si, a fé pela qual ele conseguirá transcender aos desafios que lhe são impostos de maneira a serem contornados, ou seja, superados pela sua disposição e força de vontade em continuar com a sua missão.
Á vista disso, ao se moldar de acordo com as suas experiências, então, poderá toda a humanidade chegar ao seu destino, que é se elevar intelectualmente ao grande logos que demandará realizar durante toda a jornada humana, missões que deverão ser cumpridas na medida em que cada ser humano conseguir — por imersão dentro de si mesmo —, descobrir as respostas que lhe são inspiradas, por sua vez, pelo sagrado que se revela na forma de um guardião.
E, acatando ao chamado do Santo Espírito, o peregrino respondeu-lhe:
— Agora sou sabedor de quem Eu Sou! — disse sorrindo. — De sorte que, o Senhor se fez de anjo para poder me testar ao longo da minha jornada, para ver se eu era mesmo digno de servi-Lhe em espírito. Tudo o que passei, foi o Senhor quem em meu caminho colocaste dificuldades, para que eu pudesse ter a certeza de que o que eu cria dentro de mim, era maior do que os desafios os quais encontrei. Afinal, mesmo diante do perigo e das incertezas que a aventura me colocava, sempre me amparei na fé de poder continuar a minha caminhada, e de não me deixar trair pelas minhas eventuais fraqueza. Todavia, no final do percurso, perante a minha sombra o Senhor também se revelaste, e me fizeste perceber, que todas as tentações que eu tive ao longo da caminhada, foram postas por Ele para que eu no fim, reconhecesse todo o meu potencial interno em continuar a percorrer o meu objetivo. Doravante estou pronto! Porque, tudo o que eu tinha que por esta vida passar, eu já vivenciei. Dos vícios escapei, e a morte (ainda que seja a provação maior que todo ser humano deve passar), não mais a temerei! Pois, o Senhor diante dela se revelou como a um espectro de luz, e me trouxe o fogo que nunca se apaga, a coroa da vida eterna, que reluz a verdade, de forma que esta é a única capaz de livrar o homem de morrer nas sucessivas reencarnações que ele se presta vivê-las, até que aprenda a superar todas as provações internas e mundanas que ao longo do seu trajeto, ele virá a encontrar. Amém!
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