Aconteceu em uma praça aonde dois homens que estavam sentados à mesa, jogando dominó, de um dos homens suscitar ao outro (que estava diante dele) sobre o que poderiam eles fazer, quando chegasse à notícia de que o salvador retornou, de modo a vir arrebatar os seus eleitos.
Por sua vez, o homem que estava diante do que o suscitou, respondeu-lhe:
— O que haverá de acontecer — disse ele confiante —, é que viveremos em um mundo de paz e prosperidade! Visto que, todas as pessoas viverão felizes, de tal maneira que, não haverá o mal na Terra.
Por conseguinte, o homem que suscitou ao que lhe respondeu, retrucou:
— Mas se assim for então... — contrapôs-se sem muita expectativa —, por que nunca se confirmou isso antes? Já que, o mundo sempre viveu em guerra e violência por causa dos homens estarem sempre competindo entre si, ao invés de buscarem a Deus na unidade do Divino Espírito Santo?
Respondeu-lhe o outro homem:
— Tudo tem a sua hora — disse ele segurando as peças de dominó nas mãos — para que se cumpra no devido tempo a vontade de Deus. — afirmou confiante. — Não obstante, tenho certeza que ela haverá de chegar, e nós devemos estar preparados para esse glorioso dia! — finalizou otimista o outro homem, fazendo a sua jogada e colocando a pedra na mesa.
Porém, intercorreu que observando a conversa dos dois amigos, apareceu-lhes um anjo reluzente, que se materializou se parecendo com um belo rapaz, de modo que lhes perguntou:
— Por que vós buscais entender o que não pode ser entendido fora, somente dentro?
Por conta disso, surpreendidos com aquela aparição sobrenatural que os pegou de surpresa, mas não se dando conta de que o rapaz que lhes apareceu era um anjo, o homem que suscitou a pergunta ao outro homem, respondeu:
— Não estamos buscando compreender o que não podemos entender fora de nós! — refutou-o. — Pois temos a certeza do que vai se suceder! — disse ele confiante e seguro.
Conseguintemente, contrapôs o anjo aos dois homens com displicência, percebendo ambos não compreenderem o enigma das escrituras sagradas:
— Então, vós pensais homens, que a salvação virá por outro homem? É isso?
Todavia, os dois homens entreolharam-se e responderam ao anjo:
— Não virá de outro homem! — afirmaram. — Mas daquele que é: o Filho de Deus!
Perguntou-lhes o anjo:
— Como pode o filho de Deus vos salvar, se este nunca esteve comprometido em salvar-lhes?
Em razão disso, o segundo homem que respondeu ao que lhe suscitou, redarguiu-o:
— Como assim? — questionou ele indiferente ao anjo. — Disse o Filho de Deus, que voltaria para nos salvar, após ter ressuscitado dos mortos. E que seria ele quem a nós daria o perdão de todos os nossos pecados, pelo seu sangue derramado antes de morrer...
— Vós não entendeis o que dizem as escrituras? — replicou-lhes o anjo. — O que foi dito é que: “o reino de Deus está dentro de vós”! Não há ninguém que virá vos salvar. Mas, sois vós que devereis buscar a salvação dentro de vós mesmos! O reino de Deus, vós encontrá-lo-eis no silêncio da vossa morada! E a paz que tanto procuram no mundo e quem a ela pode vos dar. Desse modo, pois, vós podeis testemunhar no tocante a este mistério, o que o próprio Cristo o qual vós espereis virdes salvardes, falou:
“Se seus líderes vos dizem: ‘Vejam, o Reino está no céu’, então saibam que os pássaros do céu os precederão, pois já vivem no céu. Se lhes disserem: ‘Está no mar’, então o peixe os precederá pelo mesmo motivo. Antes, descubram que o Reino está dentro de vós, e também fora de vós. Apenas quando vós se conhecerem, poderão ser conhecidos, e então compreenderão que todos são filhos do Pai vivo. Mas se vós não se conhecem a si mesmos, então viverão na pobreza e serão a pobreza”.
Consequentemente, o homem que suscitou a pergunta ao outro homem, respondeu ao anjo:
— Mas senhor! — perscrutou. — Nós temos há tanto tempo esperado pelo nosso salvador, pois assim nos foi ensinado, e assim cremos que é! Afinal de contas, nós nos mantemos sempre atentos, para quando este dia chegar, nós estarmos receptivos a ele, em sua glória e majestade.
— Ó homem! — exclamou o anjo. — Tu não compreendeste o que eu te disse? — contradisse descontente. — Não há salvador que virá salvar-lhes! Sois vós que deveis buscar ao Pai em espírito, dentro de vós mesmos. Uma vez que, como já disse aquele que vós pensais que ser-lhe-ás o vosso salvador: “O reino de Deus está dentro de vós”! Logo, não deveis crer no que os homens vos dizem. Mas deveis crer no que o Pai vos revela! Ao passo que, buscando-O em silêncio no vosso templo sagrado, vós percebereis serem as coisas do mundo, tudo ilusões as quais estão os espíritos encarnados, sendo condicionado a darem crédito, para que assim possa poucos governar a muitos; e muitos servirem aos poucos.
Posto isso, entreolharam-se os homens. E o homem que respondeu ao que lhe suscitou a questão sobre a salvação, disse:
— Mas senhor! — discordou ele descrente da resposta do anjo. — Nós pensamos sermos salvos, por uma força divina que virá do alto, e que nos arrebatará. Assim nos foi revelado em verdade, pelos apóstolos daquele que foi: O Filho de Deus.
— Ó homem! — tornou-lhes o anjo a explicar. — O arrebatamento não consiste na salvação por uma presença divina, que virá do alto do céu para salvá-los — julgando quem é santo e quem é pecador. Porém, a salvação está no homem reconhecer os seus próprios erros, procurando se autoconhecer melhor, e ser para o seu próximo irmão. Assim como ele deve ser filho para com Deus.
E continuou o anjo...
— Vós ainda não percebeis que o arrebatamento é algo interno e não externo ao homem? — questionou-lhes. — E que a presença divina que tanto vós esperais para livrá-los do peso de estarem encarnados, é antes a vossa Luz Interior que lhes abrirão: “os olhos de verem e os ouvidos de ouvirem”? — objetou-lhes retoricamente.
Por fim, finalizou o anjo:
— Portanto, o verdadeiro significado do arrebatamento (é a percepção que o homem tomando sobre si próprio), consegue perceber que o reino de Deus habita dentro de vós! E que é em espírito que pode o homem ser uma só verdade com o Creador, ao buscar-Lhe em silêncio dentro de si mesmo, ouvindo o seu coração.
Contudo, sem saber o que responder ao anjo, os homens mais uma vez entreolharam-se, de forma que perguntou-lhe o homem que suscitou a questão ao outro homem, ao notar ser o rapaz que lhes apareceu um anjo, por ele começar a resplandecer, diante deles, brilhante como ao sol:
— Mas e o senhor? — retrucou o homem acanhado com certo ar de humildade. — Não és tu um anjo divino vindo do céu? — questionou-o. — Se o senhor que é um anjo (pode aos homens revelar-se), então, por que o Creador pelo seu filho amado, não pode também a nós revelar-se e salvar-nos?
— Eu Sou aquele que em espírito e verdade hábito dentro de vós! — disse-lhes o anjo. — Buscai ao Pai em seu repouso Eterno, e lá também me encontrarás. Sendo eu (aquele que vive em verdade e espírito), Eu Sou quem sempre faz a vontade do Pai Eterno! Encontrarás o homem — não a mim em corpo — mas em espírito que sou! Por eu ter sempre ao Pai feito à vontade d´Ele, e ser um só com Ele em espírito (ainda que eu possa parecer hostil aos homens por tudo de mau que posso causá-lo, quando este desviado da misericórdia de Deus se encontra).
Destarte, os homens não compreenderam o que o anjo lhes falou, de maneira que o homem que ouviu ao que lhe suscitou a questão sobre a salvação, perguntou ao anjo:
— Mas senhor! — proferiu o segundo homem em contradição ao anjo. — Sendo o senhor uma presença divina que para nós se revelaste, por que nós não podemos ter a contemplação de ao nosso salvador vermos revelado em espírito e verdade, como ouvimos e vemos ao senhor a nós se manifestar através de nossos sentidos sensoriais?
— Ó homem! — exclamou o anjo. — Não serei eu, quem vos dirá que não podereis contemplar a quem vós espereis encontrar fora de vosso templo sagrado! No entanto, vós que devereis encontrá-lo (não em corpo como esperam ele aparecer), mas em espírito — como eu a vós me revelo.
Não obstante, mais uma vez, os homens se entreolharam. E o homem que suscitou ao outro homem, argumentou:
— Não entendemos! Se a nós o senhor se fez presente em corpo, como pode o senhor nos dizer que: “não tem corpo”, e sim: que é espírito? — interpelou-o.
— Eu Sou espírito, quando a vós me dirijo em sabedoria e revelação! — disse-lhes o anjo. — E tenho a um corpo, quando em vós faço realizar as obras da vontade de Deus que me instrui a revelar-vos os mistérios sagrados, quando Ele vos quer dá-los para realizarem as obras que os homens edificam de bom, justo e belo pelo mundo! Porque, sendo o homem — creado pelo Eterno —, é mediante ao homem que o Eterno faz reconhecer a sua grandeza. Buscai a mim dentro do vosso templo sagrado em verdade, e eu vos responderei em alegria! De tal maneira que, o homem é para Deus filho, assim como Deus para o homem é Pai.
Perguntaram ambos ao anjo:
— Como assim?
— É através de vós que realiza Deus a Sua obra! Visto que, estando o homem crente e fiel em verdade e espírito ao seu Creador, faz o Creador por meio dele maravilhas — que humano nenhum é capaz de imaginar. Entretanto, estando à humanidade em seu egoísmo querendo realizar o que lhe aprouver — e não o que lhe foi destinada a fazer pelo Eterno —, peca em não atribuir ao Creador, o poder d´Ele realizar as suas maravilhas por entre toda a humanidade, mediante as obras justas e verdadeiras que pode Ele edificá-las.
Porquanto, mais uma vez, entreolharam-se os homens. E o que suscitou ao que lhe respondeu, perguntou ao anjo:
— Senhor... — titubeou gaguejando. — Então: Tu és o nosso Deus, que tanto estamos aguardando revelar-se a nós, pelo seu filho amado?
Respondeu-lhes o anjo com franqueza:
— Não! Eu Sou quem a vós vim dar testemunho dos santos mistérios! Porque, sendo eu o anjo que porta a luz do Deus Eterno, ajo sempre em virtude da vontade d´Ele. E sendo a vontade do Pai de vos revelar que: o reino d´Ele encontra-se em vossos corações, venho trazer-lhes esta boa nova.
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