Caminhava um homem tranquilamente pela calçada com o cachorro da sua cliente, levando-o para passear, quando viu sair da garagem de um prédio luxuoso residencial, uma senhora em um belo carro, muito bem arrumada, de modo que pensando consigo mesmo, falou o rapaz enquanto andava com o cão:
— Esta senhora deve ser muito rica! Pelo carro em que ela estava, e pelos trajes que ela vestia, ela deve ter muito dinheiro.
Por consequência, surgiu diante dele um anjo brilhante. E este anjo comentou:
— Tu ó homem! — disse-lhe o anjo. — Pensas ver, o que os teus olhos dizem ser a verdade! Entretanto, não enxergas o que o Espírito Santo revela ser a verdade.
Não obstante, o homem que estava com o cachorro no meio da calçada, dando um passo para trás — devido ao susto da aparição do anjo —, proferiu:
— Santo Deus! — exclamou. — E tu? Quem a de ser? O Diabo? — insinuou. — Ou algum ser divino? Como sabes o que eu estava a matutar com os meus botões?
— Eu sou quem venho lhe dizer, o que tu não consegues por sua própria percepção reconhecer. — respondeu-lhe o anjo. — Tu estavas a refletir sobre o que os teus olhos veem. Porém, não procuras enxergar — com o olho do espírito —, que não só as coisas mundanas enxerga, como também, as transgressões cometidas pelos homens.
Perguntou-lhe o homem:
— Ó senhor! — exprimiu-se desconfiado enquanto o cachorro da sua cliente latia, devido ao susto que o caminheiro tomou. — Donde tu vieste? Como aparecestes por diante de mim, sem que eu me desse dado conta? E como tu sabes o que eu pensava com os meus botões? — indagou-o novamente.
— Ó homem! — exclamou o anjo. — Eu Sou aquele que sempre está a espreitar-te os pensamentos! De ti, tudo sei! E dos desejos que tu cultivas na tua alma, eu sei que tu sonhas em poder concretizá-los. A ti sempre acompanhei! — disse-lhe o anjo. — E estando te observando, percebo que tu dás muita importância às aparências externas. Contudo, não procura conhecer, o que existe por de trás delas.
À vista disto, enfezado, continuou interrogando o homem ao anjo, procurando entender o que estava acontecendo com ele:
— Mas como o senhor sempre esteve a me espreitar, se nunca te vi? Quem o senhor pensa que é, para me dizer, sobre todas as coisas que eu faço? E sobre todas as coisas que sei? És tu, por acaso, meu vigia?
— Em espírito eu a ti conheço! — respondeu-lhe o anjo. — Tu tendes por meio dos teus olhos da carne enxergar, a realidade distorcida da tua mente. Entrementes, tu és mais observador das aparências, do que da verdade. Pois, deixa-se enganar pelo o que pensa ser real — assim como o corpo em que habitas. E ignora o que é de fato real (o Divino Espírito Santo que é quem atribuí significado a existência material de todas as coisas, através da vibração do seu intelecto, por onde se manifesta o verbo que ressoa do seu ser).
Diante disso, notou o homem vir do anjo um grande ensinamento, de forma que respondeu-lhe comentando sobre a crise existencial que o assolava a alma, e atormentava os seus pensamentos:
— Eu sei que estou encarnado como espírito! Mas desconheço quem eu sou como alma! Pois, penso estar a viver a minha vida como a um sonho, onde todos os dias tenho que cumprir com as minhas responsabilidades, sem ao menos saber o porquê de eu estar aqui, neste mundo fazendo o que faço. Logo, as coisas que observo com os olhos da carne, é a forma pela qual, a realidade do mundo eu a compreendo. Porém, não consigo ver com o olho do espírito! Pois, estando ele fechado, não consigo abri-lo. E não sabendo como abri-lo, vivo no mundo as cegas! Porquanto, se o que tu dizes é verdade — e creio que seja por tu seres um ente divino — então, como eu posso enxergar o real ao invés do mundano?
— Tu deves buscar ouvir em silêncio, a sua Luz Interior que de dentro de ti fala! — respondeu-lhe o anjo. — Uma vez que, sendo ela quem coabita contigo em verdade e é a lâmpada para os seus caminhos, só pode o homem ser sabedor dos mistérios sagrados, quando ele ouvindo ao seu mentor espiritual, desperta para a verdade que a em espírito dentro de si mesmo. Porque, sendo o homem quem dá significado as coisas mediante aos seus pensamentos do que ele pensa ser real, muitas vezes ele atribui o significado errado ao que imagina ser o real. Pelo fato de, não conhecendo este a luz da sabedoria (que a tudo sabe e a tudo vê), fica muitas vezes o homem preso às ilusões e fantasias geradas pela sua mente, e aos desejos do seu corpo que manifesta estas sensações.
— Ó senhor! — exprimiu o rapaz com tristeza. — Quem sou eu, para poder ser digno de ser orientado pela sabedoria? — replicou-lhe o homem confuso. — Tento apenas viver da melhor forma que consigo. E, procuro fazer o mínimo para o meu sustento através do meu trabalho, que consiste em levar cães para passear nas ruas e parques da cidade! Por sinal, no mundo está o homem por si mesmo. E estando ele perdido, só consegue atribuir significado, no que ele está condicionado a viver no seu dia a dia, como sendo a sua realidade.
— Negativo! — censurou-o o anjo. — Tu não estás sozinho no mundo. E não pensas que pela sabedoria és desprezado! Se bem que, a sabedoria só se revela, para os que a buscando em verdade e amor, podem ter o prazer de se deliciar, com a sua sagrada instrução. E só pode o homem deste delicioso doce provar, quando ele procura encontrá-la, ouvindo a si próprio em oração, meditando e se esforçando em se autoconhecer melhor. Portanto, como disse Zaratustra na obra do filósofo Friedrich Nietzsche: “Corajosos, despreocupados, sarcásticos, violentos — é como a sabedoria nos quer: ela é uma mulher e sempre ama somente aquele que é guerreiro”.
— E como eu faço para poder ouvir “a mim próprio em oração meditando”, se não sei como fazer isso? — retrucou o rapaz se autossabotando de culpa.
— Tu deves cultivar o hábito da meditação ouvindo ao seu silêncio interno e estudando! — reafirmou o anjo. — Pois, meditando — tu abrirás o teu olho espiritual, que te possibilitarás enxergar os sinais que o Divino Espírito Santo irá enviá-lo mediante intuições. E enxergando-os, tu poderás, por fim, ver, sentir e ouvir a sabedoria! Dado que, será através dos teus estudos que ela falará contigo por palavras; se fará ser sentida pelo toque e ser reconhecida por sinais, pelo o que tu aprenderes a observar no seu cotidiano.
Dessa forma, consciente do que o anjo lhe respondeu, o homem que continuava a caminhar pela calçada com o cachorro da sua cliente, redarguiu-o de maneira a conseguir extrair dele mais informações, pois o anjo continuava acompanhando-o durante o passeio com o cão:
— Tenho, então, que buscar ouvir a Luz Interior que de dentro de mim fala?
— Sim! — respondeu-lhe o anjo.
— Mas como eu posso ouvir o silêncio se este não fala por palavras; não se faz ser sentido por toques e nem ser reconhecido por sinais? — redarguiu o rapaz descrente do que ouvira do anjo.
— A sabedoria é a presença do Divino Espírito Santo que tu ouvirás, quando em meditação ficar em silêncio! E a verá, quando começar a perceber os sinais, que ela te enviará no decorrer do cotidiano. Além disso, o homem só é cônscio de estar sendo orientado pela sabedoria, quando ele enxerga os sinais que fazendo sentido ao que ele está a procurar em respostas, encontra naquilo que lhe foi revelado em segredo! Ou seja, a sabedoria só se permite ser conhecida por quem a procura e a acha meditando em oração. — explanou-lhe o anjo.
Posto isso, mais animado, o rapaz ao anjo declarou:
— Pela forma que me falas — disse com entusiasmo —, fica até fácil de perceber a sabedoria!
— Sim! — retrucou o anjo. — Porquanto, a sabedoria é fácil de encontrar, quando em espírito o homem busca ouvi-la por intermédio do Divino Espírito Santo. E encontrando-a, ele acha não só uma mentora espiritual, mas também uma amiga que lhe será prestativa em todas as ocasiões. Com efeito, a sabedoria é para o homem uma companheira! Visto que, o homem é para a sabedoria, a maneira pela qual através dele ela enxerga as coisas que estão em oculto, de forma que o homem não poderia conseguir distinguir (o real e verdadeiro do falso e imaginário) somente pela sua percepção mental e / ou cética.
— E tendo encontrado a sabedoria, eu terei que lhe dar alguma coisa em troca? — insinuou o rapaz duvidoso.
— Não! — afirmou o anjo. — De maneira alguma tu terás que dar alguma coisa em troca à sabedoria. Ou seja, a sabedoria não faz barganhas e nem negócios! Todavia, é quem a todos os mistérios revela — desde que o homem esteja preparado para ouvi-la e para compreendê-la com a razão. A sabedoria é por excelência, a própria vontade de Deus! Que iluminando o homem desperto pela sua luz, pode as coisas profanas do mundo expor ao seu brilho, e mostrar aos homens — a estrada que os conduzirão a verdade chegarem — à proporção que o homem for se desenvolvendo espiritualmente pelos seus estudos, trabalho e meditação.
Por conta disso, empolgado e se sentido iluminado pelas instruções do anjo, o homem lhe falou:
— O que tu me disseste, abriu-me uma porta para uma realidade totalmente diferente da que eu estava a viver! Afinal de contas, agora sei como posso tornar meus dias melhores. De sorte que, encontrando a sabedoria, poderei com ela aprender, a como viver no mundo de uma maneira mais realista e consciente com a vontade cósmica.
— Sim! — corroborou o anjo. — Aprenda com a sabedoria tudo o que ela te ensinar! Bem como, sendo tu por discípulo dela, serás orientado pelo maior dos mestres que já existiu! Pois, só pode haver revelação, para os que estão com olho do espírito aberto! E só pode haver discernimento, para os que com a sabedoria aprenderam a discernir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário