Insistia um homem teimosamente através de jogos de azar e especulações financeira, conseguir ganhar uma grande soma em dinheiro de milhões. Mas, este homem não procurava obter esta grande quantia pelo seu trabalho, e sim, mediante sorte, que ele acreditava ser o meio mais fácil e rápido de se conseguir a “grana”. E, obsecado em obter a abundância de dinheiro que tanto sonhava possuir, observando-o arriscar e apostar o pouco de dinheiro que ele já o tinha — por ter herdado de seu pai — veio até ele um anjo, que lhe falou:
— Ó homem! Por que tu não buscas primeiro ao reino de Deus em verdade e justiça, para que o dinheiro lhe seja posteriormente acrescentado, pelo trabalho que vieres por meio do seu talento, desempenhar?
— Oras! — respondeu o homem ao seu interlocutor. — Eu o busco! — disse sorrindo, porém, demonstrando descrença em relação ao que afirmava. — Mas Ele não me responde... — insinuou o homem de modo irônico ao anjo, dando a entender que a sorte não o beneficiava, por ele não acreditar ela ser uma compensação pelo seu trabalho.
Todavia, por sua parte, este homem não conseguia reconhecer que aquele que por diante dele apareceu — sem que ele se desse conta — era um anjo, que estava a observar-lhe a insistência dele em conseguir obter esta grande soma de dinheiro pela boa ventura.
Logo, por causa disso, o anjo novamente lhe falou:
— Tu não o encontras, porque tens o coração cheio de inveja! Se o tivesse cheio de amor, a ti Deus lhe teria dado mais do que desejas possuir, mediante o esforço e diligência do seu trabalho.
— Mas quem és tu, para me dizer que sou invejoso, se eu nunca antes tinha te conhecido?
— Tu nunca antes me tinhas conhecido — retrucou-lhe o anjo — contudo, eu o conheço desde antes de nasceres neste mundo, e encarnar-te como homem.
— E como tu sabes então quem eu sou? Por qual meio ou lugar nos conhecemos?
— Eu te conheço, desde antes ao mundo vires! — disse-lhe o anjo. — Ou seja, eu sou quem fui incumbido por Deus, por te orientar por bons caminhos. Porém, tu sempre os recusaste, e procuraste nas facilidades conseguir, o que devias primeiro ter buscado na edificação da sua alma, por meio do teu trabalho e mérito, posteriormente se apropriar.
Consequentemente, assustou-se o varão. E, dando-se em conta de que estava por diante de um ser angélico, indagou-lhe:
— Mas como tu podes assim me aparecer brilhante como as estrelas no céu? Por que antes eu nunca te vi revelado em corpo?
— Tu nunca me viste, porque nunca me procuraste! — replicou-lhe o anjo. — Se tivesses me ouvindo em espírito, terias me visto em forma.
— Mas como eu posso te buscar em espírito... — titubeou —, se antes eu nem sabias que tu existias?
— Tu sempre soubeste que eu existo! — redarguiu-lhe o anjo. — Porém, nunca creste na minha existência.
— Eu sempre busquei conseguir as minhas coisas apostando com a sorte! — disse-lhe o varão. — Pois, nunca me saí bem no trabalho, e este sempre me desgastou o ânimo.
— Tu erroneamente buscaste na sorte, as bênçãos que antes deverias de ter procurado no teu coração, ouvindo a quem te dá atenção! É ao nosso Deus quem deves recorrer — se algo deseja —, e Ele sabedor e conhecedor do vosso coração, te concederás — se assim for do agrado e vontade d`Ele — aquilo que desejares possuir.
— Mas eu confio na sorte! — exaltou-se o varão na sua ignorância. — Esta pode mudar o meu destino! — falou convicto da sua tolice por não enxergar a verdade diante dos olhos.
— A sorte não muda o destino de ninguém! Ela só favorece aos que estão comprometidos com ela mediante o esforço e a diligência do seu trabalho. Visto que, cada um recebe de acordo com as tuas obras. — retrucou o anjo.
No entanto, o homem insistia que a sorte seria o seu divisor de águas. E ao anjo interrogou-lhe:
— Todavia, se Deus deixou a sorte para favorecer ao homem, então, por que eu não consigo ser favorecido por ela, se a busco em espírito, fazendo barganhas e oferendas para que ela me beneficie?
— Tu mentes! — repreendeu-lhe o anjo. — A sorte tu nunca a buscastes em espírito! Até porque, tu nunca a acharias. A boa ventura, tu sempre a buscaste na tua ambição de conseguires o que desejas, pela força maior que ainda não compreendes, porque ainda não entendes o que de fato é obrar em espírito e verdade. Logo, por conta disso, tu fazes com ela barganhas, pensando que assim ela te proporcionará prosperidade, quando, na verdade, ela nem se quer irá te trazer qualquer que seja o beneficio que tu esperas, já que a sorte só favorece aos que se comprometem a arregaçar as mangas e a fazerem o seu trabalho.
— Então me digas — contrapôs-se o homem. — O que é obrar em espírito e verdade?
— Obrar em espírito e verdade, é servir a Deus! Assim como tu serves aos teus desejos profanos! Se a Deus tu tivesses recorrido (como recorres à sorte para conseguires o que desejas), Ele poderia ter te dado mais do que almejas conseguir! E ainda, tu se permitirias realizar a obra da vontade d´Ele, que é servir aos homens por meio do seu trabalho, para desse modo, contribuíres em fazer um mundo mais justo e melhor.
— Mas eu já te disse: Eu a Deus busquei através da boa ventura para que Ele me ajudasse, e Ele nunca me respondeu. — justificou-se o varão indignado, não obstante agindo como um tolo.
— Oras! Eu não estou cá a te responder? — provocou-lhe o anjo.
— Então, és tu o próprio Deus? — questionou-lhe o varão.
— Não! — disse-lhe o anjo de forma franca. — Mas estou aqui a falar por vontade d´Ele, o que Ele quer que eu a ti fale, o que tu não queres ouvir. Já que Eu Sou o seu emissário, e tu, a quem devo orientar.
— Oras! — disse o homem esnobando ao anjo. — Então por que não vem Ele mesmo me responder quando eu o chamo?
— Tu és um insolente! — esbravejou o anjo repreendendo ao homem. — Estou aqui a te dar à orientação correta, para que consigas com justiça permitir-se a Deus através de ti fazer a sua obra, para que tenhas a tua recompensa, e ficas a fazer joguinhos pensando eu estar disposto a participar deles! Não tens vergonha de ser tão infame, seu malcriado?
Contudo, o homem respondeu-lhe em tom de ironia:
— Calma alado! — esnobou-o novamente. — Estou só te fazendo uma simples pergunta. Não quero ofender nem a ti e nem a Deus! Vamos com calma...
— Eu não sou alado! — replicou-lhe o anjo enfezado com os olhos vermelhos ardendo em chamas. — E tu estás (não só a me ofender com o seu sarcasmo), como a Deus! Não obras para receber o que desejas, e ainda fazes de insolente para com um ser divino! O que esperas receber a não ser castigo e aflição do seu corpo e da sua alma?
— Eu quero ter, o que todos os homens bem sucedidos neste mundo têm: dinheiro! — respondeu-lhe o varão. — Mas, não vejo outra forma, senão, apostando que a sorte me agraciará com a fortuna e bem-aventurança.
— Profano! — acusou-o o anjo apontando-lhe o dedo. — Tu és podre por dentro, por isso és miserável por fora! Ainda não compreendestes que é Deus quem deves buscar, para que Ele possa te orientar por bons caminhos, mediante a mim, seu emissário que conhece o teu potencial, e como poderás empregá-lo de modo a teres sucesso e prosperidade? Portanto, para que suceda tu seres bem-sucedido como aos homens que possuem dinheiro e sucesso, tu deves aprender primeiro a contribuir com o teu trabalho, por meio da tua vocação e talento.
— Ah! Então houve homens que a Deus encontraram? Pensava que todos viviam no inferno! E tu? Não é quem deveria me proteger, e me orientar em bons caminhos? — achincalhou o homem ao anjo com grande ódio no coração. — Já que me fazes entender ser tu o meu guardião?
— Já chega! — contra-argumentou o anjo dando um basta na situação. — Não posso ajudar um ser tão perverso e desafortunado como tu! Portanto, ó homem preguiçoso e cruel, tu deves sofrer a miséria dos teus dias, pedindo aos outros esmola para que tenham compaixão de ti, e lhe deem o que sobreviver. — amaldiçoou-lhe o guardião enfurecido. — Porque, Deus a ti só poderá te abrir os caminhos, quando na tua dor, tu o procurares e se humilhar pelo o que vem dizendo e fazendo oferecendo-Lhe as tuas desculpas, e redimindo-se através das tuas obras que negas a praticá-las. Com efeito, pois, se for da vontade d´Ele, poderei, então, te encaminhar a realizar o teu potencial.
Não obstante, o homem não aceitava o que o anjo lhe aconselhou. E, voltando a enfrentá-lo, falou:
— Estou aqui neste mundo, sendo capacho dos outros — justificou-se — e nem sequer consigo o mínimo para que eu possa viver dignamente. — lamentou-se. — E ainda, tu, me apareces para me amaldiçoar? — interrogou-o de modo retórico. — Tu és um demônio! — gritou raivoso o homem. — E não um anjo. — afirmou.
— Tu estás a caminho de caíres em um buraco sem fundo! — apontou o anjo com o dedo para o chão dando a entender que o homem desceria para o inferno. — Onde o que lhe amparará, será a dor que sentirás por ter abdicado de Deus, e obrado em maldade! A ti, vim para lhe mostrar o caminho, para que tu pudesses realizar-te com dignidade e alegria. Entretanto tu teimoso e desbocado como é, prefere a mim e a Deus insultar (por não conseguires o que desejas pelo seu trabalho que não o fazes), e muito menos pela sorte — que de ti foges. Portanto, ó homem teimoso e insensato, como último conselho que te dou, aprendas primeiro a ouvir a voz que de dentro de ti falarás, de maneira que ouvindo-a, tu aprenderás a se corrigir de tua petulância, e a dar valor ao teu sagrado que habitas no teu interior! Ou seja, com a boca que tu possuis agora, esta lhe será ainda fonte de grande tormento e aflição. Haja vista estar o teu coração, cheio de inveja e ódio, por não aceitares ter que contribuir com o próximo, de modo a que tenhas sucesso e prosperidade, pelo o que ofereceres de melhor ao mundo.
— Tudo o que tu me dizes não tem a menor valia! — respondeu-lhe o varão fumegando de raiva. — Já que, eu sou o dono do meu destino, e faço da minha vida, o que eu bem entender. Se a sorte a mim não quer agraciar — deu de ombros — então eu farei pelos meios que me for possível conseguir obter o que desejo. — disse com desdém. — Uma vez que, tudo o que o homem quiser, ele consegue, se assim ele se propuser a fazer.
— Não! — expressou-se o anjo indignado com a falta de respeito e arrogância deste homem. — Tu não conseguirás a nada neste mundo sem que antes lhe seja concedido do céu! E tu, como foste esnobe comigo e com Deus — falou o anjo julgando-o —, o teu caminho mais se dificultará, para que aprendas a reconhecer a verdade onde semeias mentiras; e a ver a luz, onde andas em escuridão.
Por fim, ficou o homem mergulhado em dívidas de tanto apostar em loterias, cassino e especulações financeiras. E, falido, lembrou-se de um trecho da parábola dos talentos, em que, o Cristo, através de Jesus falou:
— “[...] Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei, e ajunto onde não espalhei; devias, por conseguinte, ter colocado o meu dinheiro no banco e eu, na minha volta, teria recebido com juros o meu capital. Tirai-lhe, pois, o talento e entregai-o ao que tem dez talentos. Porque, ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abundância, mas ao que não tem tirar-se-lhe-á aquilo que tem. A esse servo inútil, porém, lançai-o às trevas de fora. Aí haverá choro e ranger de dentes”.
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