Estava um homem fazendo trilha dentro de uma mata, quando encontrou adiante — próximo a um rochedo — uma caverna escura, de modo que ele conseguiu avistar dentro dela, uma luz que brilhava incessantemente. Por sinal, esta luz tinha um brilho azulado, e ela era toda radiante e esférica, e seus raios vibravam como uma sintonia da mais bela harmonia. E, vendo o homem a esta luz radiante e envolvente, foi ele ao seu encontro, de forma que quando perto dela chegou, quis tocá-la. Todavia, não conseguindo, a Luz Azulada para ele disse:
— Por que ó homem tu queres tocar, o que dentro de ti tu conheces como sendo a tua própria consciência Crística?
Desse modo, percebendo estar aquela Luz Azulada e brilhante falando com ele, o homem para ela respondeu:
— Por que eu quero poder sentir, quem comigo está falando!
Porém, retrucou-o a Luz Azulada:
— Tu me sentes, quando em meditação e silêncio me ouves! E ouvindo o que eu quero falar-te, tu és capaz de sentir o que quero dizer-te.
— O que me dizes nem sempre compreendo! — disse o homem à luz azulada. — Pois estando tu ocultas dentro de mim, tenho que ir buscar-te! E nem sempre consigo alcançar-te. Porque, nem sempre ando com o meu juízo perfeito, oscilando muitas vezes entre a vontade de fazer o bem, como também o mal.
— Tu me terás sempre por perto quando tu imergires no teu silêncio interno. — retorquiu-o a luz azulada. — Já que, vejo todos os seus atos e ações. Se tu te permitires, através de ti poderei obrar maravilhas, que só o Divino Espírito Santo pode por meio do homem fazê-las realizar-se.
— Eu quero que assim seja! — disse o homem. — Mas tenho por inimigo oculto, aquele que eu não posso ver como te vejo — radiante e perfeita. Este me tira o sono e a paz! E fica a me pestanejar com pensamentos e sentimentos destrutivos. Ele me ameaça e me atormentas com desejos impuros e angústias dolorosa, que eu não sabendo como recorrer-te para me curar, adoeço. E me torno refém, de quem nem sequer ao menos consigo ver!
— Tu, ó homem! — contestou-lhe a luz azulada. — Não deves temer a sombra que não vês! Mas deves me ouvir em silêncio. Visto que, Eu Sou a tua consciência superior! E sendo tu quem me procuras ao adentrar em si mesmo, ilumino-te para que possas as obras do Divino Espírito Santo edificá-las. Entretanto, tu tens que se permitir deixar-me realizar, o que a tua mente quer mediante a ti induzir-te a fazer — em pecado e sofrimento —, coisas más realizá-las.
Por causa disso, ficou o homem agoniado por estar numa situação em que: ele deveria optar por se deixar levar pelos seus sentimentos destrutivos; ou ouvir a razão que de dentro dele falava.
Logo, a Luz Azulada o homem perguntou:
— Mas como eu posso edificar em espírito e verdade as obras do Divino Espírito Santo, se me falta sempre a força para que eu possa recorrer-te? Uma vez que, mesmo dizendo estar sempre comigo, sinto estar longe de mim! E este inimigo que me atormentas, este nunca me deixa! E sempre próximo a mim está.
— Eu estou contigo, quando tu me procuras para obrar com sinceridade, verdade e justiça! — replicou-lhe a luz azulada. — Por causa de, Eu Ser a razão pela qual a ordem e a justiça edificam as coisas. Já que, é a mim que tu encontras, quando a verdade e a justiça procuras! Tu deves fazer, o que a tua consciência superior te intui a construir! Pois ouvindo a tua consciência inferior, tu desejarás querer executar, o que sabes ser mal a tua alma. E cedendo as angústias que tu queres te libertar, tu cederás às sombras que te querem aprisionar.
Dessa forma, inconformado por não poder ter a tão sonhada paz e liberdade que sempre desejou, este homem perguntou a Luz Azulada, como ele poderia conseguir persistir em vencer a sua sombra que sempre o importunava o ânimo, e desencorajava-o a terminar os seus projetos:
— E o que devo fazer para que eu possa a paz encontrá-la — se estou cheio de remorso, rancores, ódio e desejos de vingança? Tu queres preparar-me para ser obreiro da razão! Entretanto, só consigo ver-me destruindo, aos que eu quero me vingar.
— Eu o percebo estar sendo tomado pelos sentimentos perniciosos que lhe acalentam o corpo e a mente. — objetou-o a luz azulada. — Tu deves buscar orar, para que Eu estando contigo, possa ajudá-lo expulsar para longe, estas emoções que são oriundas da distorção que há dentro do seu âmago, das coisas santas que buscas cultivá-las. Posto que, o homem em natureza e verdade é perfeito; feito à semelhança da consciência eterna que a tudo creou. Porém, estando o espírito encarcerado à matéria, fica o corpo sendo a prisão da alma! E a sombra, o carcereiro do espírito.
Por sua vez, querendo mais se aproximar da consciência que por diante dele estava — e se fundir a ela —, o homem disse:
— Eu quero poder tocá-la! — insinuou. — Mas não posso. — alegou. — Além disso, sendo tu tão delicada como a mais formosa pena de uma ave rara — ó luz azulada — és tu também tão leve e sutil quanto o sopro de uma brisa no calor escaldante do verão.
— Ó homem! Tu não deves querer me buscar para tocar-me! — reiterou a luz azulada. — Tu deves ter-me sempre acesa dentro de ti! — aludiu. — Pois, Eu Sou a consciência que emana do Eterno; e Eu Sou quem lhe direciona nos bons caminhos, e te edifico em sabedoria e verdade. A sombra que de dentro quer lhe enclausurar a consciência, está sempre a te forçar a agir no impulso dos desejos e das paixões. E na inação que ela quer te influir, ela te induz a acreditar sorrateiramente tu ter uma falsa consciência do que ela é capaz de realizar! Porque, é desse modo que, usando do subterfúgio das ilusões e truques de magia, engana a sombra ao espírito que estando encarnado, pensa estar buscando elevar-se em luz e sabedoria, quando, na verdade, está esse mesmo espírito, se precipitando no abismo da escuridão, que o levará sem dúvida alguma ao fogo do inferno da aflição.
Perguntou o homem:
— E como eu faço para saber distinguir, quando és tu que está a orientar-me em bons caminhos? E quando é a sombra que está a me induzir a agir, no impulso das ilusões, que ela quer que eu acredite ser a verdade, no entanto, um atalho para a minha perdição?
— Tu saberás que Eu Sou quem no fundo da tua alma falo, quando tu me buscas ouvir estando em harmonia consigo próprio! — respondeu-o a luz azulada. — De tal forma que, estando calmo e sereno, estarei através de ti a fazer, o que de mais belo e sutil pode o homem realizar e dizer. E edificando-te nas obras da consciência Crística e da razão, estarás tu sendo edificado nas obras do Eterno! Uma vez que, é o homem realizador da vontade de Deus, quando ele se crê ser capaz de erigir o que de mais belo e justo há dentro dele. Porque, é a fé quem antes me traz o homem, e não a sua vontade de querer me encontrar.
— E como pode o homem ter fé, se este sempre está suscetível às dores do dia a dia, e as implicações dos seus próximos? — retorquiu o homem pessimista.
— Deve o homem ser sempre sereno em suas ações e atitudes! — disse-lhe a luz azulada. — Porquanto, o homem sereno age — não pelo impulso do momento —, mas pela sabedoria que de dentro dele emana. Assim, o homem cônscio de seus atos, estará edificado na razão! Haja vista que, prudente de suas ações, pode ele dar passos seguros em seus empreendimentos, e estar sempre confiante em suas realizações.
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