Durante um final de tarde deslocou-se um homem em direção a um bosque, onde ele foi rachar lenha, para ajuntar um feixe e poder levá-lo de volta à sua casa, onde a esposa esperava-o para ascender o fogão e fazer o jantar.
Por certo, aconteceu que entre os gravetos que esse homem estava ajuntando para formar o molho de lenho, escondida, eis que surgiu uma serpente — que o picou quando ele menos esperava.
Em seguida, sentido a dor da picada na sua canela, clamando a Deus, disse o homem gemendo de angústia:
— Ó Senhor! Acuda-me! — falou o lenhador em desespero logo após ter caído no chão gruindo de agonia. — Pois eu fui por esta serpente picado! E conhecendo a espécie dela (cascavel), sei que ela é muito venenosa; e até que eu chegue a minha casa — para que a minha esposa me preste socorro —, eu já terei morrido no percurso. Ajude-me! Por favor!
À vista disso, ocorrendo do homem já estar quase morto, surgiu-lhe uma luz muito branca, tal como o sol! Tão logo já o vendo se debater no chão, por sua vez, a luz ao moribundo falou:
— Eis que aqui estou para te acudir, ó homem! — disse o globo luminoso e radiante. — Com efeito, pois, o que eu a ti posso fazer, que eu já não o tivesse feito? — perguntou-lhe.
Todavia, já quase sem forças para falar — devido ao veneno da cobra o estar matando —, o homem respondeu ao globo luminoso e radiante com muita dificuldade:
— Eu estou morrendo! — sussurrava o desvanecido. — E tenho que para minha casa voltar! — respirava com fadiga o lenhador. — Por sinal, eu devo levar este molho de lenha para minha esposa poder cozinhar o nosso jantar. Porém, aconteceu de eu estar rachando madeira e ajuntando os galhos, e eis que surgiu de repente entre os gravetos uma serpente que estava encoberta pela folhagem, de maneira que sem eu me dar em conta, ela conseguiu me picar na canela.
Em razão disso, então, o globo luminoso e radiante falou:
— Ó homem!Tu sempre foste um bom marido — pelo o que eu sempre a ti observei — e honrado para com sua esposa, e ela para contigo. Tu para ela sempre deu o teu melhor, e ela contra ti nunca se queixou. Agora, pois, vejo que a serpente te picou! E estando tu a desfalecer-se nos braços da morte — eu estou aqui para regenerar-te —, do veneno que a cobra em teu corpo impregnou.
Conquanto, já quase morto, o homem ouviu o que a ele disse o globo luminoso e radiante, de forma que estando por um fio — a deixar de neste mundo viver — adormeceu. E entorpecido pelo veneno da serpente, ele não se deu conta que não estava morto, mas que dormia um sono profundo.
Até que, então, apareceu-lhe a esposa, que preocupada por ele não ter voltado para casa, estando a procurá-lo já há algum tempo — o encontrando — sacudiu-o dizendo:
— Acorde meu marido! Acorde meu marido! O que deu em ti para deitar aí e adormecer? Tu não estavas a rachar lenha de modo que eu pudesse preparar o nosso jantar? O que se passou contigo — a bem dizer — a ponto de tu caíres no sono e dormir todo esticado deitado e largado como a um bêbado aí no chão? Esqueceu-se do seu compromisso?
Embora meio que sonolento e desajeitado, o homem vendo a sua esposa com os olhos entreabertos e embaçados do profundo sono em que dormia, acordando, perguntou em murmúrios se contorcendo no chão:
— O que aconteceu? Onde eu estou? Cadê aquela luz que a mim veio socorrer-me, quando eu clamei a Deus por misericórdia?
— Mas do que tu estás a falar meu marido? — replicou-lhe a mulher sem saber o que se passou. — O que tu tens que eu não entendo? O que está a se passar contigo? Que luz é esta que tu a mim estás a dizer? E por que misericórdia tu pedistes a Deus?
Em função disso, o marido se levantando, sentou-se por diante da sua esposa debaixo da árvore, e em seguida, contou a ela o que lhe havia ocorrido:
— Minha esposa! — disse o lenheiro. — Eu estava a rachar lenha aqui no mato, e a empilhá-la, quando surgiu uma serpente entre o molho de lenho e ela me picou! — mostrou o homem o sinal da mordida da cobra em sua canela. — Sendo a serpente daquela espécie brava — e de veneno mortal — evitei me mexer a fim de que o veneno não se espalhasse muito rápido pelo meu corpo. Por conta disso, eu já estando quase a morrer, pedi a Deus que Ele me socorresse! E apareceu diante de mim uma forte luz branca, que me perguntou: “Por que eu estava pedindo a Deus para fazer através de mim, o que Ele já havia por ter feito”? E nisso eu adormeci.
Desse modo, surpresa — e um pouco fascinada pelo o que tinha se passado com o seu esposo —, a mulher vendo o marido todo amolecido, disse para ele admirada:
— Pois, então, tu recebeste um milagre meu marido! — exaltou-se a mulher. — Tu és bendito entre os homens! De sorte que, estando tu quase a morrer (por ter sido picado por aquela serpente venenosa), tu foste da peçonha dela curado por Deus; e voltaste dentre os mortos! E estando vivo, tu tens que a muitos contar-lhes, o que contigo se passou. Dessa maneira, pois, eles terão o testemunho de que tu vieste a ter com Deus; e como Ele te salvou.
Porém, o homem falou para a sua mulher com um pouco de insegurança:
— Sim! — consentiu com sua esposa. — Mas ainda que eu os conte — eles não acreditarão! Pois pensarão eu ser um louco, ou a estar inventar histórias para entretê-los. Vamos para nossa casa voltar! — disse exausto se levantando de debaixo da árvore. — Visto que, já está tarde; e nós temos que nos abrigarmos, por causa de aqui à noite, pode vir a surgir outras espécies de predadores que poderão nos ferir.
Por conseguinte, pegando a mulher o molho de lenha que o seu marido havia ajuntado, foram os dois de volta para casa (ele cambaleante por estar ainda sem entender o que se passou); e ela assustada e surpresa pelo o que o seu marido narrou. Partindo, pois, ambos em direção a casa, a mulher durante o percurso, ao homem perguntou:
— Mas me diz meu marido: — interrogou-o a mulher curiosa. — Como que era esta luz, que para ti se revelaste? E como ela te curou?
Ainda assim, um pouco confuso, o homem respondeu a esposa:
— Não sei ao certo te dizer! — retorquiu o esposo embaraçado. — Eu estava quase morto (e pedi a Deus por assim dizer que Ele me curasse da picada da serpente), de modo que eu pudesse voltar a nossa casa, com o molho de lenha e te encontrar. E disse à luz que nos observava; que sempre fomos fies um ao outro; e que nós nos bastávamos; e deu-me a luz, mais uma chance de estar vivo e a ti poder voltar.
— Então, tu queres me dizer, que esta luz sempre esteve por nos observar? — interpelou-o a mulher entusiasmada. — Mas como ela sabia que nós sempre nos bastamos, se nós nunca a vimos?
Diante disso, corroborando com a sua esposa, o marido venturoso a respondeu:
— Nós nunca a tínhamos visto! — atestou. — Mas eu a vi, quando eu estava morrendo! Afinal de contas, a luz me socorreu, e eu tenho muito a agradecê-la! Pois, Deus sempre está presente entre nós! No entanto, não O vemos, porque O procuramos em imagens — mas não em sua essência divina — que é ouvi-Lo em espírito dentro de nós mesmos, por sermos o Seu templo sagrado.
— Quer dizer, que então, nós sempre estamos a ser observados por Deus? — retrucou a mulher ao seu marido tentando compreender o que se passou. — E Ele em nós, sempre esteve presente em Sua essência divina? E nós, somos presentes n´Ele em espírito? — redarguiu admirada a mulher sorrindo.
— Pois assim deve ser! — declarou-a o marido também sorrindo. — Visto que, o homem só pode encontrá-Lo em espírito, uma vez que sendo Deus o nosso benfeitor (e sendo o homem o seu vaso sagrado onde ele deposita a sua luz), tu a de convir que ambos somos uma só consciência, e um só ente espiritual n´Ele!
Por isso, feliz com a recuperação do marido, a mulher concordou:
— Sim! — corroborou. — Pois sendo nós com Deus — um só corpo e um só espírito —, somos nós também nele: uma só verdade e uma só carne. Nós temos que nos voltarmos para Deus em amor! Porque, de fato, sendo Deus amor — e sendo nós a expressão do seu amor —, só pode o homem e a mulher compreendê-Lo em essência, e nunca em carne — muito menos através de imagens que possamos fazer para representá-Lo como a nossa semelhança.
Contudo, chegando já próximo ao lar, eis que ao marido e a esposa, estava por esperar um anjo. E o anjo que reluzia a ambos falou:
— Eu os observo desde que os fiz: homem e mulher! — asseverou. — E vejo que vós a Deus sempre buscaram (não na carne e nem em imagens), mas em espírito dentro de vós mesmos! Dessa forma, sendo o homem e a mulher frutos do Seu ser (a essência do Seu querer), Eu Sou o Espírito Santo que se projeta em vós, a imagem e semelhança do homem e da mulher! E sendo eu em vós feito um só corpo espiritual, enxergo em ambos resplandecer o meu poder.
Perante o exposto, ficou a mulher boquiaberta deixando cair o molho de lenha; e o marido, ficou maravilhado com o que ouviu, de modo que disse o homem humildemente caindo por diante dos pés do anjo, e reverenciando-lhe:
— Ó senhor! — declamou. — Eu tenho muito a te agradecer, por ter-me livrado da morte. Pois sendo o Senhor nosso único Deus, é o Senhor para nós, a nossa única fonte de vida! E enviando-te para que me socorresse, tu me livraste de nos braços frios da morte, eu viesse a desfalecer-me.
Destarte, incutindo-o a se levantar, anunciou o anjo ao homem com autoridade:
— Levante-se homem e sejas tu ereto, como eu te fiz para ser! Tu sempre buscaste a Deus em teu coração, e a Ele nunca abandonaste ao longo da sua jornada pela Terra (mesmo diante das dificuldades e das maldades que há no mundo). Eu tenho contigo a sempre estar em espírito; e estando eu em espírito (contigo e com a tua mulher que sempre me foram fieis), eu a ambos sempre os protegi. E testando-o, deixei que a serpente picasse-o, de modo, a saber, se em sua dor, eu pudesse ver se em Deus tu eras mesmo crente e fiel.
Por consequência, levantando-se, disse o homem radiante de alegria:
— Ó senhor! — proclamou com os olhos cheios de lágrimas. — Fui, sou e sempre serei ao Senhor fiel em corpo, alma e espírito! Visto que, somos uma só luz. E sendo o Senhor a nossa única fonte de vida, ao Senhor sempre confiei-Lhe — a mim e a minha mulher — nos guardar de pisarmos em falso, e se desviar, da Sua divina misericórdia.
Em seguimento, o anjo, voltando-se a mulher felicitou-a e falou:
— Tu mulher, sempre foste a teu marido fiel; e sendo fiel a ele, tu foste fiel a mim! Eu tenho por ti grande admiração! — declarou. — Pois sendo tu sombra do meu ser, tu és a mim devota em verdade, e digna de ao seu marido ele te iluminar através da sua chama divina.
Porquanto, a mulher, também se prostrando diante do anjo, disse-lhe com fé:
— Eu sou sempre fiel ao Senhor meu Deus! De tal modo que, sempre estive junto ao meu marido; e ele sempre me guardou como a um tesouro. Ele nunca me deixou sofrer; e tudo o que ele pôde fazer de bom, sempre me fez. Eu o tenho por consideração e respeito! E com ele sempre devo permanecer.
Pelo que, o anjo, a mulher disse com a mesma autoridade que falou ao seu marido:
— Levanta-se mulher! — incutiu-a. —
Pois tu também és digna da minha luz! Por ser tu afetuosa ao teu marido — e
sendo ele protegido pela minha chama divina —, tu pelo meu fogo sagrado também
és protegida. Eu há muito tempo tenho observado-lhes; e observando-lhes,
percebo que mesmo o homem sendo corruptível em seus desejos e paixões, há os
que prezam pela verdadeira união e consagração! Vós a mim tendes servido — não
em corpo —, mas em espírito! E servindo-me em espírito, enxergo-me em vós, como
força da minha vontade, e fruto do meu saber. No homem faço-me luz; e na mulher
faço-me sombra; e em ambos (quando juntos em verdade e justiça), faço-me ser um
só corpo espiritual de luz que preenche-os como a um vaso sagrado! Sobretudo,
porque, vós sois por natureza e essência, o que Eu Sou em potencial e vida, por
ser o Divino Espírito Santo de Deus.
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