A Cura


 

Após passar um longo período em sofrimento, um homem bus­cou encontrar dentro de si as respostas para ele se reerguer da sua clausura e doença: A depressão.

E, estando muito debilitado emocionalmente, rogou a Deus para que O acolhesse, e compartilhasse da Sua sagrada luz, de maneira que ele pudesse se tornar digno de poder fazer a Sua grande obra:

— Cura-me! — suplicou. — Ó poderoso Deus Eterno! — ex­clamou. — Desta doença invisível que me assola o coração, e me envenena a alma.

Por conseguinte, ouvindo-o o redentor, disse-lhe:

— Estou a te ouvir, ó homem! E vejo que em seu pranto e no seu desespero, estás a Me buscar. E dizendo-Me o que lhe aperta o coração, estou aqui pronto para aliviar-te esta dor, e lhe trazer a luz, para que brilhe como uma estrela.

Com efeito, pois, diante daquela aparição majestosa e divina que lhe respondeu de dentro do seu intimo, o homem retrucou:

— Ó Senhor! Estou tão sozinho e carente em minha solidão inte­rior, que peço ao Senhor que me dê à oportunidade de poder sempre reencontrá-Lo em minhas orações. A fim de que, eu seja digno de poder realizar as obras da Sua vontade. Pois sei que me dotaste de luz; e que sendo o Senhor o emanador da luz, é mediante a humani­dade que o Senhor reconhece a sua potestade e esplendor eterno, pelas obras boas que os homens são capazes de engendrá-las e exe­cutá-las para a Sua grande glória.

Respondeu-lhe o Magnificente:

— Eu sei o quanto em teu sofrimento e dor tu estás a Me procu­rar. Porque, sozinho, sem Deus, o homem se sente perdido em meio às trevas nebulosa da melancolia e da depressão. A julgar que, quando te lancei para fora do Éden, tu te viste obrigado a se virar com o suor do teu trabalho, de modo a poder nutrir á vida mortal a que foras condenado pela tua desobediência, através do cultivo da terra ou da caça aos animais. Porém, não sabendo ou não tendo por onde fazer (dado o atual estado civilizatório no qual tu te encontras) fica o homem refém do desespero! Por que, ao se sentires um inútil, tu te tornas presa fácil da morte, quando busca na escuridão livrar-se da tua culpa atirando-se no abismo da loucura, ao atentar contra a tua própria natureza, mediante os vícios que lhe envenenam o corpo, com a finalidade de encontrar uma fuga para a tua alma. Entretanto, agora que tu Me encontraste em tua oração, levar-te-ei para luz bri­lhar! Se bem que, quem a Deus busca em espírito e verdade, encon­tra-O em justiça e amor, ao ouvir-lhe falar do coração! Eu tenho aqui estado durante todo o seu calvário, de forma que apresento-Me por diante de ti, em sua prece, para que tu possas em alegria vir atra­vés do Divino Espírito Santo encontrar, o que ele por meio das tuas aptidões físicas ou intelectuais poderá te orientá-lo a trabalhar.

Por certo, de igual modo, reconheceu o homem o seu desafio:

— Ó Senhor! — disse acanhado. — Sei que me deste esta prova­ção para que eu fosse digno de superá-la! E sendo ao Senhor que procurei em minha aflição preencher o vazio existencial que me cor­roia de dor a alma, achei-O revestido da Vossa Santíssima Graça, ao adentrar no Seu templo sagrado. Com efeito, pois, agora que eu O encontrei, estou aqui pronto para obrar através do meu corpo, o que o Senhor pelo Divino Espírito Santo pode por meio do homem orientá-lo edificar de bom e útil, mediante o seu trabalho e talento nato! A fim de que, somos dignos de sermos filhos de Deus, quando na dor e no sofrimento de nossos dias, reconhecemos ser o Creador o nosso salvador. Haja vista ser o Altíssimo, o único que pode nos ajudar, de tal forma que todos devemos agradecê-Lo em nossa bem-aventurança, por estarmos amparado pela sua misericórdia, e por podermos alimentar-nos da sua divina dádiva, que é estar em comu­nhão com os seus santíssimos sacramentos.

— Tu, ó filho do Altíssimo! — replicou o Creador. — Percebeste as coisas como elas são! Uma vez que, ao homem é facultado o Di­vino Espírito Santo por entre ele obrar, quando na sua tribulação procura o homem reconhecer no Pai Eterno a Sua grandessíssima glória, ao não se deixar dominar pelos desejos destrutivos que pesam no seu coração, como também, em se auto-empoderar mediante a aquisição de bens materiais. Porque, é por meio do filho que o Pai realiza as Suas grandezas! Pois, é o Divino Espírito Santo quem abre os caminhos para todos aqueles que, ainda se encontrão perdidos na escuridão. Por vezes, é ele quem também os fecha, quando o ho­mem afastado de Deus perde-se no egoísmo da sua soberba, e, exaltado, é jogado no lodo do inferno (pela sua autossuficiência ao ousar pensar ser o próprio Deus).

Disse o homem zeloso:

Na nossa bonança devemos ao Senhor agradecê-Lo, quando so­mos abençoados de abundância e prosperidade — tanto quanto em nosso calvário quando estamos mergulhados na culpa e no medo pelos nossos desvios. Sendo Deus quem tudo obra por entre a hu­manidade por meio do Divino Espírito Santo, é ao Eterno a quem ela deve sempre buscá-Lo e louvá-Lo! Haja vista ser o único Deus, o Espírito onipresente que paira sobre tudo e em todos. E só ao Crea­dor que devemos procurar servi-Lo, quando buscamos achá-Lo dentro de nós mesmos, mediante a nossa imersão interior na busca pelo silêncio interno sagrado, onde encontramos a Deus sentado e coroado no seu trono sacramentado recoberto de luz.

Por consequência, notando o Senhor que o homem estava ilumi­nando as suas sombras, acrescentou:

— Ó filho Meu! És tu filho da luz! Por entre ti, faço valer o Meu poder, para fazer as obras do Espírito Santo edificar-te através do Meu sopro sagrado — o verbo! Pois lhe dotei de atributo que so­mente Eu posso te conceder, de modo que, só o Pai que conhe­cendo ao seu filho, pode vê-lo realizar a obra da sua divina vontade. Dentre todos os que Me buscaram, a ti ouvi! Porque, não Me procu­rastes em estátuas ou imagens, mas sim no teu coração. As bênçãos do Eterno são dadas para os que em verdade e espírito a elas bus­cam! E encontrando-as, torna-se a humanidade conhecedora de si própria, bem como, reconhece na luz que lhe deste a vida, o cami­nho para a sua consagração.

Porém, magoado, o homem perguntou:

— Mas por que, então, outros semelhantes a mim, não O encon­tram dentro de si mesmos? Já que, o Senhor habita em tudo e em todos por meio do Divino Espírito Santo, a nossa Luz Interior?

— Estes não Me buscam dentro deles, mas fora deles! — res­pondeu-lhe o Eterno. — Estou eternamente onde o ser humano sempre esteve conectado à vida — Através do coração. Com efeito, pois, é por entre o coração que a vida escorre por meio do sangue e pelas veias da humanidade. E é também por entre o coração, que elas se enchem do veneno, quando os humanos cultivam na alma o orgulho e a autossuficiência por se acharem ser o próprio Deus. Como também, da mesma forma, quando se alimentam do rancor e do ódio destrutivo da vingança, que os afastam de viverem em ple­nitude na Santíssima Paz do Eterno, por competirem entre si pelo bem comum que deveria ser usufruído por todos, respeitando-se o necessário a cada um sem que houvesse a exploração ou subjugação dos demais.

Destarte, agradeceu o homem a Deus louvando-O:

— Ó Senhor de luz e misericórdia! — declamou o homem em lá­grimas. — Agradeço-Te por ter se revelado a mim em espírito, e por ter compartilhado comigo da Sua sagrada instrução.

Respondeu-lhe o Redentor:

— Ó filho Meu! A ti estarei sempre a orientar-te os passos na medida em que tu te permitires Eu contigo caminhar. Doravante, pois, tu ficarás conhecedor dos mistérios do céu, por que, tu procu­raste o reino de Deus onde ele sempre existiu: dentro do seu cora­ção. Porquanto, desse modo, tu deves compartilhar desta sagrada instrução a qual estou te passando, para que muitos assim como a ti que ficaste perdido nas trevas, possam brilhar! Dessa forma, esses que perdidos se acham, descubram o seus caminhos, e que levem a muitos — assim como tu o farás — a lâmpada do Pai Eterno, o candelabro aceso com o fogo divino da eterna iluminação.

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Sinopse

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