A Festa


 
 
Numa tarde onde havia pouco movimento de pessoas, um ho­mem demonstrava estar muito contente ao andar a cantarolar pelas ruas da cidade, depois de ter contribuído com o pouco recurso financeiro de que dispunha, para a organização da festa de ações de graças, que se realizava todos os anos no município da sua locali­dade. Por isso, ele se sentia muito satisfeito de poder participar dela, razão pela qual isso o fazia se sentir especial.

Não obstante, por causa disso, vendo-o feliz por poder ter cola­borado com o evento, apareceu como que a um relâmpago — após ele dobrar a esquina da rua onde havia uma velha igreja — um anjo reluzente feito à luz do sol, que lhe falou:

— Feliz estás, mas triste ficarás!

À vista disso, o homem ao ver aquela aparição sobrenatural, se espantou. E perguntou demasiado assombrado com o fogaréu que ardia em chamas:

— Quem me diz o que foi dito?

Respondeu a aparição luminosa:

— Vive o homem pelos caminhos sem destino, e de praça em praça busca descansar. Porém, dentro dele há um tesouro a desco­brir, quando mergulhando no seu íntimo, ele passa a se ouvir e ob­servar.

Diante disso o homem ficou confuso, de modo que, perguntou novamente a aparição reluzente, demonstrando, por sua parte, um grande temor:

— Quem me diz o que foi dito?

Replicou a aparição:

— Quem te responde é quem dentro de ti mora em segredo! E tu me encontrando, descobre o que no seu interior está em oculto — a sua luminescência angelical a qual me revelei ser —, e não o que fora de ti pensas que acharás, ao cultuar a falsos deuses pensando estar fazendo o bem, ofertando-lhes o pouco que possuis, para saciar-lhes os caprichos, e, dessa forma, também, fazê-lo se sentir especial.

Todavia, por conseguinte, perguntou mais uma vez o homem que ficou desnorteado, com a forte luz que lhe cegava os olhos, ao cami­nhar pela calçada se escorando pelas paredes, que o deixava em um estado pávido, por ele não entender as múltiplas formas que a espi­ritualidade usa para se expressar:

— Quem me diz o que foi dito?

— Quem te responde é quem a ti e a tudo ao teu redor vê. — re­darguiu a aparição, causando no homem um assombro ainda maior, por ele estar diante de um evento sobre-humano. — Além do mais, é através de ti que enxergo o bem e o mal que praticas, ao observa-lhe os passos e os caminhos pelos quais andas e andarás.

Com efeito, parecendo a um bêbado cambaleante, o homem in­terpelou de novo — tateando com um dos braços estendidos e o outro cobrindo os olhos — tentando enxergar no escuro, em meio à luz que de tão clara, ofuscava-lhe a visão:

— Quem me diz o que foi dito? — retrucou a pobre alma com medo do que ouvia daquela luminescência radiante e efervescente, que como a um vendaval, zunia, por sua vez, palavras duras.

— A ti responde quem no teu íntimo te conhece! — disse-lhe a aparição. — Visto que, tu só és focado em vibrar na frequência das coisas mundanas e, portanto, passageiras. Todavia, aos mistérios do Divino Espírito Santo que a em ti, tu não te prestas a observar e nem a estudá-lo. Por cuja causa este é o motivo de ainda padeceres nas trevas da ignorância e no lodo infernal do medo, que te ilude com fantasias absurdas e festejos beneficentes, os quais tu pensas estar a fazer o bem, quando, na verdade, está a colaborar com o mal, que de ti quer que tu oferendas a deuses estranhos, até o pouco que têm, para, desse modo, sentir-se melhor.

De fato, perante o exposto, tornou o homem mais uma vez a in­terrogar a luz que brilhava radiante como as estrelas, e iluminava como aos raios solares:

— Quem me responde quem de mim se esconde? — contra-ar­gumentou por último o infiel, enfurecido por não poder ver mais a luz, que, repentinamente (assim como apareceu), desapareceu como a um relâmpago:

— Quem te responde? — replicou o anjo com um olhar severo que ardia em chamas. — É este que a ti se faz presente! — se reve­lou o guardião trajando uma túnica preta e segurando a uma foice. — Motivo pelo qual por muito tempo és tu que tens de mim se escondido. E tendo eu doravante te achado, hoje estou a te falar o que tu precisavas ouvir. Não é participando de festejos e cantaro­lando pelas ruas, que te fará ser um ser humano melhor. Mas, por outro lado, é buscando pelo Santo Espírito de Deus, ou seja — o seu sagrado anjo guardião em meditação e silêncio —, que tu en­contrarás quem há ti muito responderás. Portanto, ó homem, tu deves, pois, antes de ao mundo retribuir o que não lhe foi pedido, primeiro, contribuir com Todo o potencial divino que há dentro de ti, o qual tu não o revela, por ainda não estar ciente da tua chama reluzente.  Porque, é no interior que está o tesouro! Uma vez que, quem o encontra, saberá usar de todo o manancial de sabedoria que ele possui intrínseco a sua natureza divina. Se bem que, rico é quem o descobre, e, por outro lado, pobre é quem o perde, ao entregá-lo a quem não merece, pensando estar fazendo o bem, sem olhar a quem. Ou, dito de outra maneira, ofertando no altar das abomina­ções, as suas pérolas aos porcos. Amém!

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Sinopse

    A Sapiência do Querubim é um livro que convida os leitores a imergirem neste fascinante mundo da transcendentalidade da alma humana, que...