Caminhava um homem despreocupadamente por um bosque, quando, de repente, saltou-lhe a frente uma onça. E, ameaçando-o com passos vagarosos e o olhar fixante, o homem a Deus clamou:
— Ó Senhor! Tende misericórdia de mim. — disse afastando-se do predador que o espreitava próximo a dar-lhe o bote. — Certamente, pois, estou quase a ser atacado por esta onça! De fato, agora, não tenho forças para fugir e nem para contra ela lutar.
Logo, por sinal, veio até ele um globo de luz reluzente como a uma estrela cadente. E, se fez presente um anjo de luz, que ao homem perguntou-lhe:
— O que tu queres de Deus, que não possas em tua fé, conseguir pelos teus próprios meios agir? — repreendeu-lhe o anjo.
Em razão disso, todo trêmulo pela aparição sobrenatural do anjo, o homem respondeu-lhe:
— A onça que está a sua frente, quer me atacar! De modo que, estou com medo, e não sei como me defender desta fera.
Por conseguinte, averiguando o anjo aquele homem estar com muito receio, insinuou-lhe:
— Tu tens que ter fé em ti, para que Deus possa te ajudar! De maneira que, tu só deves recorrer-Lhe, quando O tiveres em confiança no teu coração.
— Ó senhor! — disse-lhe o homem de forma humilde. — Eu sou muito temente a Deus! E a Ele recorri no meu medo, para que o Onipotente pudesse livrar-me de ser devorado por esta onça.
Redarguiu-lhe o anjo:
— Tu não deves recorrer a Deus no teu temor! — criticou-o. — Mas, de todo modo, quando O tiveres em confiança no teu coração. Porque, estando o homem crente em Deus, Ele nunca faltará. E a humanidade, Ele sempre a protegerá.
À vista disto, admitiu o homem em sua consciência o anjo dizer-lhe as palavras que o encorajavas no seu coração a fé buscá-la, de maneira que retorquiu-lhe entusiasmado:
— E como eu posso ter fé e confiança em Deus no meu coração, se n´Ele eu só confio, quando acredito ser atendido nas minhas súplicas?
Respondeu-lhe o anjo:
— Tu confias nele no teu coração, quando o escuta em silêncio. E escutando-o em silêncio, Ele te responderá através de toques, sinais e palavras. Se tu buscares a Deus (só quando em apuros ou necessitado), Ele a ti não ouvirá! Pois, estará tu a fazer de Deus, um mero servo dos teus caprichos, e cumpridor das tuas vontades e aspirações egoístas.
— Ó Senhor! Perdoa-me! — disse o homem ao anjo notando o seu erro. — Pois, em minha ignorância pequei contra o Creador. Eu pensava que só deveria recorrer a Deus, quando em apuros e aflito. Dessa forma, agindo assim, me enganei na soberba da minha índole, por pensar ser o Pai Celestial, um mero cumpridor dos meus desejos e fazedor das minhas vontades.
Diante disso, o anjo orientou-lhe:
— Tu tens que agora confiares a Deus, os teus caminhos! Uma vez que, sendo Ele sabedor de todos os caminhos, pode Ele te orientar pelos melhores, para que tu chegues ao teu destino com segurança, e cumpra o teu objetivo, que é permitir-se fazer a obra do Pai Eterno mediante o teu empenho e trabalho.
Porquanto, mais confiante, o homem se expressou reverenciando ao Creador:
— Agradeço-Te ó poderoso Deus por ter-me atendido e enviado o anjo, para me instruíres em tua doutrina! De modo que, mesmo em pecado, o Senhor me ouviu. E me acolhendo, ainda me educou nos teus santos mistérios praticá-los.
Porém, aludiu o anjo chamando-lhe a atenção:
— Agora sabendo que é Deus quem os teus caminhos orienta-os, não temas a onça! Pois, esta a ti lhe apareceu, para que tu te apercebesses do teu erro e dos teus medos. E tomando consciência deles, tu podes agora buscar sempre ao Creador, dentro de ti na meditação do teu silêncio interno, para que tu ouças vir d´Ele a intuição que a ti dirigir-te-ás os passos! Ou seja, encontrando-O no templo onde tu habitas, Ele sempre te protegerá das emboscadas e enganos que no mundo poderás tu vir a se deparar, ao encontrá-los ao longo da tua jornada.
Por fim, a onça desapareceu (como que numa nuvem de fumaça negra faiscando fogo), e o homem admirado por aquele evento sobrenatural, falou:
— Doravante eu sou conhecedor das minhas sombras e dos meus receios. De modo que, tendo fé em Deus e confiança na minha espada flamejante (o anjo que me salvou), a nada temerei! Pois, eu e o Pai somos um na unidade do Espírito Santo. Amém!
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