Era para ser mais um dia como outro qualquer, quando um rapaz observando da sacada de seu apartamento o cotidiano das pessoas, viu que havia na rua — onde atravessava a esquina de seu prédio — um garoto que vivia do trabalho de limpar o para-brisa dos carros, que paravam no semáforo.
Logo, por conta disso, percebendo ser o garoto muito jovem, a si mesmo o rapaz que observava da sacada do seu apartamento perguntou:
— Por que há no mundo tantas injustiças? Vejo aquele garoto fazendo um tremendo esforço para poder ganhar algumas moedinhas, enquanto outros (assim como eu que moro neste apartamento) possuo uma renda salarial alta, que herdei dos investimentos do meu pai. Por que as pessoas não poderiam todas ter as mesmas condições de vida? Ou pelo menos, uma chance de vida parecida?
Consequentemente, após se questionar em pensamento, apareceu para ele um anjo. E este anjo lhe falou:
— Tu pensas ó homem, ser o mundo desigual! Todavia, não há desigualdades no mundo. O que há, é o que sempre houve: justiça!
Por sua vez, assustado com aquela aparição repentina e reluzente, o rapaz apavorado perguntou para o anjo:
— Mas quem tu és? Donde vieste? E como apareceste assim tão de repente sem que eu me desse conta da tua presença?
— Eu Sou o mensageiro d´Aquele que é Eterno! — respondeu-lhe o anjo. — E sabendo Ele o que tu matutavas em pensamentos, a mim mandou-lhe para que eu te desse maior esclarecimento sobre a situação das pessoas na Terra.
Com efeito, mais calmo e sereno, o rapaz se recobrando do susto, ao anjo interpelou-o:
— Então me dizes: Por que as pessoas não podem ter uma conjuntura de vida semelhante?
— Cada pessoa possui as condições de vida que as cabem possuir! — respondeu-lhe o anjo. — Porque, sendo cada qual dotado por um dom espiritual de Deus, é cada um apto a realizar, aquilo que lhe foi atribuído desde o princípio pelo Creador edificar.
Contudo, chateado com a resposta do anjo, o rapaz retrucou-o:
— Mas como pode alguns viver com tanto, e outros viver com tão pouco — ou quase nada? Como pode alguns ganhar o bastante (sem muito fazer); e outros trabalharem tanto (e pouco receber)? Isso para mim parece muito injusto. — observou.
— Ó homem! — exclamou o anjo. — Compreendas que a injustiça aos olhos de Deus não existe! Posto que, sendo Ele sabedor de todas as coisas, Ele dá a cada um, conforme cada um é cônscio e preparado para realizar a obra consoante a Sua vontade. E mesmo os que teimam em não fazê-la, esses a farão de acordo com o destino que a cada um Ele pré-determinou a terem que obrar. Visto que, a alma já é preparada para quando encarnar, no mundo laborar, aquilo que ela por Deus foi incumbida de trabalhar. E passar (ainda que não compreenda) por sofrimentos e tormentos; ou sorte e prosperidade, de acordo com as circunstâncias em que ela se submeteu estar, ao tentar fazer a sua vontade ou realizar a de Deus.
Todavia, o rapaz ainda não sentia plenamente satisfeito com a resposta do anjo. Por conseguinte, mais uma vez o interrogou:
— E por qual motivo Deus faz o destino dos homens desse jeito a ter que ele passá-lo? O que ao olho de Deus é justo, aos olhos dos homens muitas coisas parecem ser injustas! — declarou. — Dado que, sendo o homem que vive na pele (as mazelas ou a sorte das coisas), é ele quem sabe (ou pelo menos deveria saber), o porquê de ele viver conforme o seu destino, da maneira que Deus o determinou.
— O homem enxerga o mundo segundo a forma que ele gostaria que o mundo fosse! — contradisse o anjo. — Não obstante, ainda que o mundo se apresentasse — como o homem idealiza que ele se passasse —, seria o mundo antes feito em concordância com a vontade de Deus. De tal maneira que, sendo Ele sabedor de todas as coisas (e a própria consciência que a tudo da forma, cor e movimento), é o homem sujeito a estar neste mundo em desafios, para que ele possa vê-lo (quando adentra no seu âmago), que tudo o que ele vive e vê no mundo, nada mais é, do que um reflexo que a própria humanidade enxerga dentro de si própria.
Entrementes, decorrido a resposta do anjo, o rapaz retrucou:
— Mas senhor! — disse em tom ameno. — O senhor me afirma que Deus assim fez a vida do homem para que ele olhasse para dentro de si, e percebesse que as coisas são conforme vemos dentro de nós mesmos. Ou seja, ao encontrarmos Deus dentro de nós, estamos percebendo as coisas como elas realmente são (não em conformidade com o julgo do homem, mas em harmonia com a consciência de Deus). Ainda assim, por que os homens não conseguem ter as respostas para os dilemas de suas vidas (e para as dos seus semelhantes), se mesmo ele tentando encontrar soluções para os seus problemas por meio do uso da razão, apesar disso essas respostas não aparecem? E procurando-as em religiões, crenças e misticismo — ou até mesmo na ciência — todavia, o homem continua se sentindo perdido do Pai?
— Ó homem! — exclamou o anjo em tom grave. — O Pai não está e nunca esteve distante dos seus filhos! São os humanos que procurando fora de si mesmos encontrarem ao Pai, não O encontrando, pecam por se negarem a buscá-Lo dentro de vós mesmo. Porque, vós O procurais nas ilusões que vós enxergais fora, que são as transgressões que vós cometeis dentro. Deus sempre esteve presente na vida dos seres humanos! E quando vós estiverdes em silêncio para poderem ouvi-Lo, vós O encontrareis! Já que, Deus sempre quis se revelar pelas obras que a humanidade faz, quando esta lhe confia os seus caminhos. No entanto, sendo a humanidade cordada às fantasias da mente atribuir significados (e não a voz que de seus corações fala), fica ela refém de seus pensamentos. E sendo estes um turbilhão de emaranhados complexos de difícil entendimento, a humanidade se perde (quando aos seus devaneios foca a sua atenção), e não ouve a sabedoria que lhes provêm do coração.
No entanto, contra-argumentou o rapaz demonstrando inconformismo:
— Mas por que os sacerdotes de todas as religiões não ensinam a humanidade a procurar Deus dentro do âmago de cada ser humano, meditando e ouvido os seus corações ao invés de incitá-la a procurar as respostas na fé irracional sem obras, como também, nas superstições? Não os criticou Jesus o Nazareno acusando-os de servirem a suas vaidades ao invés de servirem ao Pai Eterno:
“Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.
Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem.
Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los.
E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas e as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
O maior dentre vós será vosso servo.
E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.
Ai de vós, condutores cegos! Pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor.
Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?
E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor.
Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta?
Portanto, o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está.
E, o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita.
E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé. Deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Condutores cegos! Que coais um mosquito e engulis um camelo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de intemperança.
Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquías, que matastes entre o santuário e o altar.
Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta!
Porque eu vos digo que desde agora nãome vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor”.
Posto isto, obviamente, sendo os sacerdotes os guardiões dos mistérios do céu (por serem eles a ponte que faz a ligação entre o mundo terreno com o divino por possuírem uma mediunidade mais aflorada do que a maioria dos homens), eles poderiam a toda humanidade revelar estes mistérios! Logo, desse jeito, poderíamos ter o caminho para o interior do nosso ser desvelado, e consequentemente estarmos mais perto do Creador se estes mesmos sacerdotes agissem em comunhão com a vontade de Deus, ao invés de servirem a si próprios mediante o nome de Deus para saciarem as suas vaidades, desejos e paixões.
— As religiões são partes das transgressões que a humanidade comete, ao procurar em suas doutrinas e idolatrias, os significados que deveriam atribuir ao Creador que dentro de cada um está. — explicou-lhe o anjo. — Não obstante, os homens ouvindo o que lhes vem à mente, não ouve o que em silêncio Deus lhes fala. E perdidos, não buscam encontrá-Lo dentro! Porque, eles não crendo Deus lá estar, procuram nos falsos sacerdotes que se intitulam “os guardadores dos mistérios do espírito” — como tu bem disseste —, a verdade que está em cada um de vós. Não obstante, por vós não procurarem encontrar Deus no interior do vosso templo onde o reino d´Ele está assentado (por crerem Deus estar revelado nos livros ou objetos sacros), a humanidade se perde no materialismo bruto que há no mundo, e se transforma em pecadora e transgressora, ao invés de aos mistérios do Divino Espírito Santo buscar conhecê-los em sabedoria e verdade, ouvindo o que lhes fala o coração.
Contudo, retrucou o rapaz:
— Se as religiões são enganadoras (por serem feitas e compostas por homens que se dizem serem intermediários de Deus); e sendo estes que se intitulam: “os guardadores dos mistérios do Divino Espírito Santo revelados por Deus através do verbo que se faz carne”, então, por que Deus não as destrói? Para que possa a sua palavra propagar entre os homens que a buscarem dentro do seu templo sagrado?
— Deus só age através da humanidade, quando as pessoas se permite agirem por intermédio da vontade do Divino Espírito Santo que lhes reveste de sabedoria a alma! — respondeu-lhe o anjo. — Dado que, só pode Deus interagir com a humanidade, quando esta buscar encontrá-Lo em espírito e verdade, ouvindo a sua Luz Interior. Além disso, Deus realizará por entre a humanidade, as obras de sua natureza divina que é o amor, quando os homens aprenderem a enxergar fora o que primeiro lhes for revelado dentro.
Por consequência, notou este rapaz ter saído da boca do anjo uma grande verdade. E mais de perto observou o que o anjo lhe tinha respondido, de maneira que indagou-lhe um pouco mais:
— Quer dizer, que então, se a entre os homens a outros homens que querem ser o mediador entre Deus e todos eles, logo, por que Deus não os pune? Por vezes, agindo assim, esses falsos profetas mantêm a toda humanidade presa em mentiras e maldades. E manipulando-a, nunca termina este ciclo de falsidades e transgressões, que eles aos seus semelhantes atribuem terem que praticá-las. — retratou.
— Deus a esses homens infames pune! — afirmou o anjo. — Mas não te apercebes ainda, que muitos desses que tu pensas estarem em condições injustas, são aqueles que fizeram no passado a outros homens (em nome de Deus), o que Deus em espírito mediante eles não se permitiu fazer? — redarguiu-lhe o anjo de maneira retórica. — Embora aconteça destes homens serem guiados pelas suas mentes, motivados pelo desejo de posse, controle e poder sobre os demais homens, de fato, pois, eles se permitiram agirem em desarmonia com os seus semelhantes, quando as outras pessoas tentaram dominá-las. E não com elas conviverem em harmonia, que seria servindo a Deus em espírito e verdade; em luz e sabedoria, mediante as revelações que eles poderiam intuir meditando, para revelá-las aos homens através das suas boas obras.
Destarte, o rapaz retrucou-o:
— Ah! Quer dizer, então, que estas pessoas que estão em situação de vida dura (referiu-se aos desafortunados), foram no passado seres atrozes que agindo em nome de Deus, cometeram iniquidades, e que agora são punidos tendo que servir aos que no passado eles perseguiram?
— Não é necessariamente assim. — disse-lhe o anjo. — Porém, muitas das pessoas — que vivem em um estado de vida degradante —, em algum momento de suas vidas passadas, foram negligentes com o caminho da senda direita (o percurso que leva o espírito ao encontro com Deus). Afim de que, buscaram nas sombras terem domínio sobre o próximo, e vivem hoje a eles terem que servir-lhes! Pois, não procurando a consciência Cristíca dentro de si mesmas, ficarão a mercê de terem que servir aos seus semelhantes nas condições deteriorantes em que se encontrão, sem ao menos entenderem o porquê de fazerem isso. Entrementes, ainda assim, Deus lhes concede a oportunidade de para dentro de si próprios eles voltarem meditando e ouvindo os seus corações! De tal maneira que, sendo todas estas pessoas frutos da Sua vontade, são elas também cabíveis de ao Divino Espírito Santo encontrá-Lo no âmago do seu ser.
Logo, por sua vez, matutando em silêncio consigo mesmo, o rapaz respirou fundo e ao anjo se expressou:
— Todavia isso que o senhor me respondeu, não pode ser usado como uma desculpa — e mesmo uma justificativa à primeira vista — pelos homens que hoje estão encarnados, a continuarem usando os seus semelhantes de modo a manterem-nos servindo-os com o mínimo necessário ao seu sustento? Ao passo que os subjugados com migalhas não os ameacem se rebelando, por possuírem os seus senhores, sobre eles domínio?
— Não! — exclamou com firmeza o anjo. — Os que encontram a Deus dentro de si sabem da sua vocação e dos seus desafios e virtudes. E sabedores de quem são e de quem foram, percebem serem instrumento da obra de Deus! Visto que, estando estes cônscios de si próprios, estão cientes de servirem ao Senhor da Glória. E servindo ao Pai em espírito e verdade, ajudam aos seus semelhantes a encontrarem o caminho que os levarão ao interior de suas almas, para que possam os perdidos nas trevas da ignorância — e na escuridão das mentiras da mente — voltarem à luz do Altíssimo habitar! Ou seja, quando estes também O encontrarem em seus corações, poderão a muitos acordar para quem eles realmente são e por quais causas assim estiveram por tanto tempo sufocados em miséria e pobreza.
Porém, obstinado em tentar contrariar o anjo, o rapaz indagou-lhe:
— Ainda que o que tu me respondeste seja verdade — falou o rapaz descrente — então, por que o sistema se mantém como sempre foi? Por que existem homens que fazem ainda, o que no passado muitos destes que hoje estão em penúria fizeram?
— Esses que assim agem, agem por se deixarem enganar, por falsas promessas de dinheiro e poder! — referiu-se o anjo a miséria humana. — Uma vez que, buscando satisfazerem os seus desejos e vontades, não buscam se satisfazer em espírito e verdade! Que só o Eterno e verdadeiro Creador pode ao homem saciar-lhes a alma, ao se permitirem Deus agir edificando através deles boas obras.
Conquanto, ainda tentando contradizer o anjo, o rapaz questionou-lhe:
— Mas muitos dizem por aí, que agem mal — expressou o homem referindo-se ao senso comum —, por serem os demônios que os induziram a assim agirem. E que eles não possuem culpa, de terem sido influenciados e usados pelos demônios. Não são essas pessoas vitimas dos mistérios que eles nem sequer conseguem entender?
— Esses que se dizem terem sido influenciados e usados pelos demônios (para praticarem atos pecaminosos e mesmo bárbaros), são no mínimo mentirosos! — respondeu-lhe o anjo. — De tal maneira que, os demônios só agem quando o homem se permite escutá-los. E não sabendo muitos ouvirem, só aprende com eles, o que querem fazer de mal contra o seu próximo. Se buscassem agirem de maneira a conseguir deles obter (um pouquinho que seja de sabedoria sobre os saberes divinos), estes lhes diriam! Pois, mesmo sendo os demônios espíritos das sombras — aos mistérios da luz conhecem por já terem sido filhos do céu. E conhecendo-os, não negariam de lhes dizer aos que buscam a luz, que o caminho o qual procuram, só podem eles encontrar, quando para dentro de si embrenharem-se em procurar o reino de Deus que se encontra dentro de vós.
Logo, testemunhando o anjo responder-lhe com muita segurança e sensatez, o rapaz mais lhe perguntou:
— Entretanto porque os espíritos das sombras — que são por natureza má —, diriam aos homens que querem encontrar a Deus para absorverem-se em estudos e meditações? Como também, vez por outra, na medida do possível de cada um, praticando a castidade? Tu mesmo não me disseste que se encontra Deus, voltando-se para o seu interior? E não nas coisas ilusórias da mente, que é a ciência do mundo?
— Os espíritos das sombras servem a luz! — insinuou-lhe o anjo. — De tal forma que, sendo a luz a consciência que a todas as coisas faz existir, é a luz que determina o peso da correção que cada ser humano encarnado merece receber. Os espíritos das sombras agem de acordo com a lei. E sendo eles sabedores dos mistérios do Divino Espírito Santo, sabem que a Deus só pode a humanidade encontrá-Lo, dentro de si mesma. Mas estás certo em reafirmar o que eu a ti disse. — corroborou o anjo. — Não deve o homem buscar as respostas (nas imagens ilusórias geradas pelos pensamentos e/ou pela imaginação), que são projeções distorcidas da luz no intelecto da humanidade. Pelo contrário, os humanos tem que buscar Deus em seu interior meditando! Para que possa estes enxergar fora de si através de sinais, toques e palavras, o que Deus lhes quer mostrar de bom e harmonioso dentro de vós mesmos.
Conseguintemente, por sua vez, surpreendido com a resposta do anjo, o rapaz replicou:
— Mas e tu? — instigou-o novamente. — És por mensageiro de Deus! — exclamou. — Sendo tu uma consciência interna a mim, então, por que falas das coisas santas de Deus, se eu a ti não te procurei? E sim foste tu que a mim vieste falar?
— Tu não me buscaste. — corroborou o mensageiro. — No entanto, buscaste a Deus quando adentrando no seu interior, procurou por respostas das desigualdades do mundo encontrá-las. Vim por vontade dele! — afirmou o anjo. — Posto que, Eu Sou instrumento da vontade do Eterno. Tu me encontras quando ao Eterno procura! — aludiu. — A julgar Eu Ser a sua Luz Interior. Dado que, sendo Ele quem fala em silêncio (as coisas que verás no mundo), primeiro dentro de ti Ele as revelará intuindo-te através de mim que sou o portador da Sua luz. Tu estavas consigo mesmo a conversar! E Ele sabedor dos teus pensamentos, mandou-me, para que eu possa (as dúvidas que matutavas na sua consciência), responder-te e ensinar-te a enxergar a vida não como tu gostarias que ela fosse, mas como ela realmente é.
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