— Ó Deus de misericórdia! Obrigado por ter-me aberto os caminhos! Obrigado por ter-me dado forças, quando eu estava querendo desistir. Obrigado por ter-me dado à oportunidade de aprender com as minhas experiências, e extrair o melhor delas.
E vendo esse homem se regozijar de felicidade, apareceu a ele um gênio do mau, que lhe disse:
— Ó homem! Vejo que tu estás feliz por ter conseguido o que desejava obter — a sagrada instrução sobre os mistérios do Creador. O que mais tu queres aprender para que eu possa lhe dar?
Porém, o homem não compreendendo a aparição repentina daquele gênio — já que não o tinha evocado —, interrogou-o surpreso:
— Oras, pois, quem tu és espírito? — perguntou-lhe admirado com a presença daquela entidade. — Como aparecestes assim tão repentinamente como a um fantasma? E como sabes que obtive acesso aos segredos do Pai Eterno?
— Tu buscaste por aquilo que conseguiste estabelecer mediante as intuições as quais recebestes ao longo das tuas meditações! — respondeu-lhe o gênio do mau. — Porquanto, eu vi que o teu esforço partiu da tua vontade e certeza de conseguir realizar, o que estava proposto a alcançar, por meio das tuas práticas e estudos sobre a alquimia! Vim até a ti para que tu possas me pedir o que quiseres, visto que, observando a tua fé ser inabalável, eu posso a qualquer desejo teu lhe conceder — além do que já conseguiste realizar.
— O que eu consegui foi sim por muita força de vontade e muita dedicação aos meus estudos e meditações. — disse-lhe o alquimista confiante. — Mas, não foi só de minha vontade e dedicação que consegui o que eu desejava e sonhava obter! Tive sempre em mente que Deus olhando por mim, aos seus santos caminhos me abriria-os, de maneira que, Ele notando o meu esforço e força de vontade em querer aprender, me concedeu todas as ferramentas para que eu pudesse alcançar o objetivo que eu tanto sonhava em realizar, de poder através da fé e práticas da alquimia conseguir me instruir sobre os sagrados mistérios do Creador, e poder transliterá-los aos homens para que estes também possam se instruir.
— Sei que tu ao Senhor Deus tinha-O em oração quando ao teu sonho se empenhava em realizá-lo! — falou o gênio do mal com uma voz tranquila e reconfortante. — Mas, estando eu aqui, posso a muitos outros sonhos te ajudar a realizá-los, desde que tu me tenhas por amigo e fiel companheiro.
— Sou fiel ao Senhor Deus Onipotente, Onisciente e Onipresente! — respondeu-lhe o alquimista com convicção. — Ele me é amigo e fiel companheiro! Portanto, devo-lhe o que consegui, porque, eu estando durante o percurso muitas vezes abalado, Ele me salvaguardou em sua luz. Confio somente ao Senhor Nosso Deus a todos os caminhos poder abri-los, conquanto, n’Ele a minha fé é direcionada! Pois, sei que Ele me atenderá.
Todavia, o gênio do mal percebeu que o homem não estava interessado em com ele se amigar, e comentou:
— Mas vejo que tu ainda tens muitos desejos que queres e sonhas realizá-los! E eu estando aqui, posso te ajudar, e posso te favorecer a muitas coisas consegui-las, desde que me tenhas como o teu amigo e fiel companheiro.
— Não tenho interesse em pedir-lhe ajuda! — retrucou o alquimista ao anjo do mal com aspereza. — Deus me auxilia em conseguir o que me for necessário a sua obra realizá-la, uma vez que, sendo Ele o sabedor de todas as coisas, Ele sabe o que é bom e o que é mau ao homem. Aquilo que eu me propuser a fazer — se Deus assim me permitir — saberei que Ele me abençoará com a sua luz se for da sua vontade; e o que Ele não me favorecer, sei que estou indo contra o seus planos insondáveis, mediante as minhas dores e aflições que manifestarei no meu percurso ao longo do meu cotidiano.
Em seguimento ao que o alquimista pronunciou, o gênio do mal tentando uma última investida, ao homem perguntou-lhe:
— Se tu tens tanta fé assim no Senhor Deus, então, por que Ele não te concede a revelação dos seus mistérios, sem que tu dediques o teu esforço em intuí-los, por meio dos teus estudos, práticas e meditações?
— O que eu faço é pela graça de Deus que através de mim realiza a sua obra! — respondeu-lhe o alquimista crédulo da sua fé no Creador. — Sou instrumento dos seus desígnios, de forma que, sendo a ferramenta da Sua vontade, cumpro-a quando encontro-O em meu interior. Posto que, ouvindo ao Senhor Deus, ouço a verdade! E agindo conforme Ele me orienta, estou fazendo o que Ele através de mim edifica em sabedoria e amor.
Por fim, o gênio se convenceu de que aquele homem era realmente digno do que conseguiu, já que, o testando, ele não se recusou a trair ao Creador. E mesmo diante de poder ter a todos os seus desejos terrenos realizados, ele reconheceu que era de Deus que o seu mérito provinha, e que tudo o que ele fazia, era pela graça e inspiração do Altíssimo. E, deixando ao alquimista, o gênio do mal que era Satã, consigo murmurou:
— Ah! Se todos os homens fossem crentes e fieis como a este que lhe importunei a alma! — disse o anjo com um leve sorriso entre os lábios. — Haveria no mundo muito menos dor e sofrimento do que há. Virtuoso é aquele quem se ampara no Creador e lhe confere a sua fé, e não se apega as tentações que lhe incuti na alma de desejar os prazeres mundanos e a corrupção da carne, que tantos sucumbem ao buscarem nos bens materiais a segurança que só podem encontrá-la em Deus. Logo, é dessa forma que faço com que esmoreçam-lhes a alma e enfermam-se-lhes o corpo, quando o homem subjugado pelos seus desejos se deixa corromper-se nos seus próprios pecados, que os levará inexoravelmente ao lodo infernal do abismo da culpa e da vergonha, quando não, também, até da sua própria morte.
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